Uma imagem registrada pela mãe, Mônica Silva, no momento em que o Marcílio Dias fez o segundo gol na vitória sobre a Chapecoense por 2 a 0, em 24 de fevereiro de 2019, tornou o pequeno Luís Antônio uma espécie de símbolo da torcida rubro-anil. O grito incontido do marcilista mirim resumiu a paixão itajaiense pelo Velho Marinheiro, que alcançou o centenário no ano passado e é o mais antigo clube em atividade na elite do futebol de Santa Catarina.

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Uma paixão que vem de berço. Aos sete anos, Luís, o mais novo de três irmãos, é marcilista “desde sempre”, segundo a mãe. A família tem título de sócio-torcedor, e não perde nenhuma das partidas disputadas em casa. Na maioria das vezes, levam junto uma turminha de amigos do caçula.

Depois da foto do Luís, a gente percebe que mudou bastante. Muita gente começou a trazer as crianças para o estádio. Amigas minhas, que nunca tinham levado os filhos, começaram a ir – conta Mônica.

Ela acredita que o maior número de famílias muda o clima nas arquibancadas. Mas acha que é preciso um esforço conjunto para que o estádio seja um lugar de paz. A família estava na arquibancada na final da Copa Santa Catarina, em que o Marcílio Dias perdeu para o Brusque, em casa. Para conter um desentendimento entre torcedores, a Polícia Militar usou gás de pimenta. Entre os atingidos, havia muitas crianças – o que rendeu críticas à atuação das forças de segurança.

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(Foto: Fabiano Correia, Arquivo Pessoal)

O medo de confusão nas arquibancadas catarinenses ainda faz que, quando o time joga em outra cidade, os Silva se unam a outros torcedores em um pub de Itajaí. Decidiram assim depois que o pai e os dois irmãos mais velhos de Luís Antônio presenciaram uma briga generalizada em Joinville, na partida entre Vasco e Atlético Paranaense, pelo Campeonato Brasileiro de 2013. Mônica diz que a segurança melhorou muito, mas, por enquanto, prefere ter mais cuidado com o caçula.

O pequeno torcedor respira futebol. Além de sofrer nos jogos do time de coração, ele também treina em uma escolinha de futebol, e assiste partidas pela televisão, do futebol brasileiro e europeu. O que ele mais gosta é de ver os gols. É o que o time precisa para ir para as finais, diz ele, que chorou ao ver o Marcílio Dias vice-campeão da Copa SC em 2019.

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Para que este ano seja perfeito, além de vitórias para o rubro-anil, Luís Antônio tem um desejo: mais crianças, como ele, nas arquibancadas do estádios.