Um torcedor do Figueirense foi ferido com uma bala de borracha por um policial militar durante uma confusão no setor da torcida Alvinegra após o clássico contra o Avaí, no último sábado (17), no estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis. O torcedor registrou boletim de ocorrência.
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Um vídeo de 37 segundos que circula nas redes sociais mostra uma confusão envolvendo um grupo de torcedores do Furacão do Estreito no corredor de entrada para as arquibancadas.
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Em seguida, as imagens mostram policiais militares tentando dispersar as pessoas de volta às arquibancadas. Na sequência, um homem vestido com uma camiseta vermelha aparece e é atingido por chutes, tapas e golpes com o cassetete. Ele alega também ter sido atingido por tiros de bala de borracha. Assim como também é possível ver torcedores jogando copos com líquido em direção aos policiais.
O torcedor atingido é Felipe Machado, de 34 anos. Ele confirmou que perdeu uma parte do dedo polegar e que também foi baleado na coxa.
— A confusão, na verdade, era uma discussão entre dois torcedores e não havia seguranças privados e nem mesmo a Polícia Militar [na proximidade]. Os próprios torcedores separaram, inclusive eu, que estava por perto. Em seguida, eu me virei e dei de cara com um policial. Eu tomei esse tiro e depois ele veio atrás de mim e deu mais dois tiros. Eu tenho umas marcas nas costas que eu não sei se foi o cassetete ou da própria arma — contou Felipe Machado ao NSC Total.
Segundo o torcedor do Alvinegro, um casal prestou o socorro inicial. Em seguida, um amigo o levou até a ambulância e ele foi encaminhado ao Hospital Celso Ramos. No local, Felipe levou sete pontos na coxa e outros sete no dedo.
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— Apesar de ter perdido parte do dedo, o problema maior foi na minha coxa porque chegou próximo de uma artéria. Eu fui atendido no hospital, mas liberado no mesmo dia porque não precisou de cirurgia — explicou.
Felipe fez um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia da Capital do Continente na manhã deste domingo (18) por lesão corporal e irá realizar o exame de corpo de delito.
O torcedor alvinegro trabalha como assistente administrativo patrimonial e afirma que pretende entrar com uma ação de reparação por conta da necessidade de polegar para realizar as atividades do seu emprego.
Polícia Militar explica motivação do uso da força
Por meio de nota (leia na íntegra no final da reportagem), o 22º Batalhão de Polícia Militar (BPM) confirmou que houve uma confusão generalizada entre os torcedores do Figueirense na saída do portão 4.
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Além disso, esclareceu que “dadas as circunstâncias, o local, a hostilidade, grau de violência e a complexibilidade da ocorrência policial, a guarnição realizou uso progressivo da força, utilizando os equipamentos disponíveis no momento para salvaguardar a integridade física dos policiais, dos indivíduos envolvidos na confusão e demais torcedores no estádio”.
A Polícia Militar alegou que diversos objetos como, por exemplo, garrafas de viro, latas, copos com líquidos e estojos de sinalizadores, foram arremessados contra os agentes.
A PM Acrescentou ainda que os policiais estavam encurralados e, por conta disso, a equipe das Rondas Ostensivas com Apoio de Motos (ROCAM), que estava no gramado, precisou entrar no setor das arquibancadas.
— Indivíduos partiram para cima da equipe, inclusive tentando retirar da mão de um dos policiais, a espingarda calibre 12 municiada com munição de elastômero [bala de borracha] que este portava — diz um trecho da nota.
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Já sobre o vídeo que circula nas redes sociais, a Polícia Militar afirma que a situação transcorreu além do tempo gravado pelos torcedores, “necessitando apuração mais detalhada dos fatos”.
O 22º BPM esclareceu ainda que torcedores do Figueirense tentaram invadir o setor destinado aos adeptos do Avaí antes mesmo da bola rolar, mas a ação foi repelida pelos agentes.
Assim como alega que diversos objetos foram arremessados nos policiais que estavam dentro do gramado. Por fim, acrescenta que houve nova investida por parte de torcedores do Alvinegro, no cruzamento da rua Araci Vaz Callado com a Avenida Santa Catarina, após a liberação do setor do Avaí.
— Tendo um torcedor do Avaí sido golpeado com uma garrafa quebrada no abdômen, ocasionando perfuração do local e necessitando de atendimento do Corpo de Bombeiros. Que a Polícia Militar interveio rapidamente na ação, não havendo feridos decorrentes da intervenção policial — conclui a Polícia Militar por meio de nota.
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O Figueirense também foi procurado pela reportagem do NSC Total na tarde deste domingo e afirmou que está apurando o caso.
— Nos parece que recortes de vídeo com poucos segundos não bastam para definir o que de fato aconteceu. Já fizemos contato com o torcedor que ficou ferido, que foi identificado, colocando o clube a sua disposição — esclareceu o clube.
A reportagem também fez contato com a Federação Catarinense de Futebol, mas não obteve resposta.
Confira o vídeo da confusão que circula nas redes sociais
Confira a nota oficial da Polícia Militar na íntegra
NOTA – PMSC
A Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), através do 22º Batalhão de Polícia Militar (BPM) em decorrência dos fatos ocorridos no clássico FIGUEIRENSE X AVAÍ, no dia 17/02/2024, no estádio Orlando Scarpelli, vem esclarecer que:
-Apesar dos esforços antecipados da Polícia Militar para que houvesse um evento pacífico, desde o início da tarde foram verificados atos de hostilidade, impulsionado pelo alto consumo de bebida alcoólica nos arredores do estádio;
-Antes do início da partida, torcedores do Figueirense tentaram invadir o setor externo da torcida do Avaí, adentrando na rua Tereza Cristina com intuito de realizarem agressões físicas, sendo a investida repelida pela Polícia Militar com uso de agente químico, não havendo registro de feridos na intervenção;
-Ainda antes do início da partida, utilizando métodos furtivos, cujas circunstâncias estão sendo analisadas pela Polícia Militar, torcedores do Figueirense adentraram no estádio com diversos sinalizadores de fumaça preta, contrariando as Diretrizes vigentes, cujos corpos dos objetos foram utilizados para serem arremessados contra os Policiais Militares ao final do jogo;
-Ao final da partida, iniciou-se uma confusão generalizada entre torcedores do Figueirense na saída do portão 4, sendo que os envolvidos estavam se agredindo fisicamente, necessitando intervenção dos policiais lotados naquele local para salvaguardar a integridade física dos envolvidos, assim como de terceiros. No momento em que a equipe policial iniciou a intervenção, diversos torcedores partiram para cima dos policiais com intuito de agredi-los fisicamente, além disso, passaram a arremessar vários objetos contra os agentes, tais como: garrafas de vidro, latas, copos com líquidos e estojos de sinalizadores. Ao verificarem a equipe policial encurralada e sem conseguir controlar a situação, a equipe das Rondas Ostensivas com Apoio de Motos (ROCAM) que estava no interior do gramado, adentrou ao local com o intuito de cessar as agressões. Que a equipe ROCAM relatou que no momento da entrada no local, indivíduos partiram para cima da equipe, inclusive tentando retirar da mão de um dos policiais, a espingarda calibre 12 municiada com munição de elastômero que este portava. Dadas as circunstâncias, o local, a hostilidade, grau de violência e a complexibilidade da ocorrência policial, a guarnição realizou uso progressivo da força, utilizando os equipamentos disponíveis no momento para salvaguardar a integridade física dos policiais, dos indivíduos envolvidos na confusão e demais torcedores no estádio, através do uso de equipamentos menos letais para controle de distúrbio, tais como: bastão, espargidor pimenta e munição de elastômero. Que em decorrência da ação, um torcedor restou ferido, sendo atendido no interior do campo de futebol. Mesmo com a intervenção, vários torcedores continuaram partir para cima dos policiais, arremessando garrafas de vidro, copos com líquido, latas, e corpos de sinalizadores, inclusive para o interior do campo (fotos). Devido ao grau de hostilidade dos torcedores, os policiais precisaram recuar para evitar o agravamento da situação, até retomarem a ordem no local. Ainda com relação ao vídeo que circula nas redes sociais, trata-se de uma mídia com 46 segundos, sendo que a situação transcorreu por tempo muito superior, necessitando apuração mais detalhada dos fatos;
-Após a liberação dos torcedores Avaianos, houve nova investida de torcedores do Figueirense, no cruzamento da rua Araci Vaz Callado com Avenida Santa Catarina, tendo um torcedor do Avaí sido golpeado com uma garrafa quebrada no abdômen, ocasionando perfuração do local e necessitando de atendimento do Corpo de Bombeiros. Que a Polícia Militar interviu rapidamente na ação, não havendo feridos decorrentes da intervenção policial.
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