O Iraque anunciou nesta quinta-feira (23) o início de uma operação militar no deserto da região oeste do país para expulsar os últimos combatentes do grupo extremista Estado Islâmico (EI) de seu território.

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Após esta batalha, o primeiro-ministro Haider al-Abadi deve anunciar a derrota total desse grupo ultrarradical sunita no Iraque. Em 2014, o EI ameaçou a existência do país, ocupando extensos territórios.

Naquele ano, o avanço meteórico do EI levou o líder espiritual da comunidade xiita do Iraque, Ali al-Sistani, a convocar uma mobilização geral para deter os extremistas. Também levou os Estados Unidos a criarem uma coalizão internacional para ajudar a vencer o EI e reorganizar um Exército iraquiano completamente desamparado.

Nos últimos meses, o EI perdeu todas as cidades e centros urbanos sob seu controle e, agora, encontram-se acuados em uma vasta região desértica no oeste do Iraque, perto da fronteira síria.

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“O Exército, a Polícia Federal e (as forças paramilitares da) Hash al-Shaabi iniciaram esta manhã uma vasta operação para limpar a região de Al-Yazira, que passa pelas províncias de Saladino, Nínive e Al-Anbar”, afirmou em um comunicado nesta quinta-feira o general Abdelamir Yarallah, do Comando Conjunto de Operações (JOC).

De acordo com especialistas, isto representa 4% do território do país, ou seja, 7.000 quilômetros quadrados.

Em um comunicado separado, a Hashd al-Shaabi anunciou “a primeira etapa de uma longa operação para libertar uma região desértica entre as províncias de Saladino, Nínive e Al-Anbar, até a fronteira com a Síria”.

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“A ofensiva, com o apoio das forças aéreas iraquianas e realizada em conjunto com o Exército e a Polícia Federal, foi iniciada a partir de três eixos”, relata o comunicado.

– Tanques –

A Hashd, que se tornou um componente vital para as forças iraquianas diante do EI, transmitiu imagens ao vivo de Siniya, na província de Saladino, onde retroescavadeiras abrem a estrada no deserto ocre para tanques que transportam a bandeira iraquiana e o estandarte reto sobre o qual está escrito “Ya Hussein”, nome do mártir venerado pelos xiitas.

Picapes também estão alinhadas prontas para irem para o oeste.

“Esta operação visa a limpar o deserto dos bolsões onde se encontram os jihadistas que fugiram das cidades recentemente libertadas” pelas forças iraquianas, disse à AFP um oficial na província de Al-Anbar.

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A Hachd anunciou que explodiu um carro-bomba em uma área da província de Saladino, desmantelou dezenas de bombas do EI e tomou uma dúzia de vilarejos, provavelmente vazios.

Na terça-feira, Abadi disse que, uma vez os extremistas expulsos do deserto, o Iraque poderá proclamar “a derrota total” do EI.

Em 2014, mais de 60 mil iraquianos responderam ao apelo do aiatolá Sistani para se mobilizarem contra o EI e formaram a Hash al-Shaabi, uma coalizão dominada por milícias xiitas. Os grupos mais poderosos são frequentemente apresentados como patrocinados pelo Irã.

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– Controle militar ‘encerrado’ –

A ofensiva para expulsar o EI do Iraque começou em março de 2015 com a retomada de Tikrit na província de Saladino. A cidade de Ramadi (oeste) foi reconquistada em fevereiro de 2016, seguida de Fallujah em junho de 2016.

Mas a batalha decisiva começou em 17 de outubro de 2016 para retomar Mossul, capital da província de Nínive. Foram necessários nove meses para recuperar a segunda maior cidade do país e principal reduto dos radicais.

Em seguida, as forças iraquianas conseguiram expulsar o EI de outras cidades, terminando na província de Al-Anbar, perto da fronteira da Síria, onde acabam de assumir Rawa, o último centro urbano que ainda estava nas mãos dos jihadistas.

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“Após a libertação de Rawa e a junção (com forças sírias) na fronteira, o controle militar do Daesh sobre o Iraque acabou”, declarou à AFP o especialista em segurança Saïd al-Jayyachi, usando o acrônimo do EI em árabe.

Na Síria, após expulsar o EI de Bukamal, seu último reduto urbano localizado na fronteira iraquiana, as forças do governo auxiliadas pelos russos e pelo Hezbollah libanês tentam expulsar os extremistas de algumas zonas desérticas e vilarejos em Deir Ezzor (leste).

* AFP