Um tomógrafo abandonado está criando polêmica em Itapema. O equipamento, doado pelo Estado ao município em 2013, nunca foi usado e, desde então, está guardado em um galpão municipal, onde funciona o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) da cidade. A história veio à tona na última sexta-feira quando vereadores receberam uma denúncia da comunidade e foram conferir a situação. O impasse estaria na devolução do aparelho: enquanto a prefeitura alega que não tem condições para mantê-lo e que já tentou devolver o tomógrafo ao Estado, a Secretaria estadual de Saúde diz que só aceita de volta se o Executivo fizer a entrega.
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O vereador Vanio Cesar Vieira (PT) explica que apresentou denúncia ao Ministério Público sobre a situação do aparelho. O parlamentar quer que o município tome providências para devolução do equipamento que, segundo ele, estaria armazenado em local impróprio.
– É uma irresponsabilidade do Executivo não devolver esse tomógrafo, ele não deveria estar ali. Toda hora tem pedidos de exames e esse equipamento está ocioso – reclama.
Em entrevista à RBS TV, o secretário de Saúde de Itapema, Everton Ricardo da Silva, disse que a prefeitura não sabia do pedido e que quando o aparelho chegou não tinha lugar para colocá-lo – é necessário uma área de cerca de 200 m² para instalação. Conforme Silva, o município fez estudos em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para saber se o tomógrafo poderia ser usado, já que o próprio Estado tinha avisado que o equipamento não era novo. Com os estudos veio a constatação de que o tomógrafo foi fabricado em 1998 e que precisaria de reposição de peças.
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– Para manter o tomógrafo funcionando a prefeitura teria que desembolsar por mês R$ 250 mil, incluindo funcionários e aluguel de sala. Hoje com o convênio com uma clínica particular os exames custam R$ 68 mil por mês ao município – argumentou.
Por esses motivos, a prefeitura afirma que foi feito o pedido de devolução do equipamento, que nunca teria recebido resposta. A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Estado confirma a solicitação, mas explica que não cabe ao Estado buscar o aparelho. A assessoria relatou ainda que há uma cláusula no termo de uso que diz que o município deve devolver o equipamento caso ele não seja usado.
Quase dois anos sem uso
O tomógrafo chegou a Itapema através de um pedido das vereadoras Nilza Nilda Simas (PSD) e Zulma Souza (DEM) ao governo do Estado. Na época, o município estaria com uma demanda reprimida por tomografias e a vinda do aparelho teria sido autorizada pelo prefeito Rodrigo Bolinha (PSDB). A vereadora Nilza destaca que ainda em 2013 a prefeitura havia enviado ofício para devolver o equipamento, pois não teria encontrado espaço adequado, nem recursos para instalá-lo.
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– Eu achava que esse aparelho já estava em Canelinha, que era a cidade para onde seria destinado. Acredito que o município perdeu uma oportunidade de atendimento – destaca.
De acordo com a prefeitura de Itapema, atualmente não há fila de espera por tomografias e o tempo máximo para fazer o exame na cidade é de 30 dias. O município informou ainda que o custo do aparelho é estimado em R$ 98 mil e que um tomógrafo novo custa em média R$ 1 milhão.