Fatores locais e internacionais se cruzam para complicar a disputa pela presidência dos Estados Unidos, travada em cenário de confrontação entre Hillary Clinton, pelos democratas, e Donald Trump, pelo republicanos.

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De fora, vêm atentados terroristas como o recente de Nice, na França, que ameaçam se espalhar pelo mundo. De dentro, a tensão social, com fortes ingredientes raciais. Em 10 dias, houve dois ataques contra a polícia, acusada de perseguir negros. Primeiro, em Dallas, no Texas. Depois, no último domingo, na Louisiana. No total, oito agentes foram mortos.

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As eleições ocorrerão em 8 de novembro, uma terça-feira, e a posse, para o lugar de Barack Obama, em 20 de janeiro do ano que vem. Para o cientista político João Paulo Peixoto, da Universidade de Brasília, especialista em questões eleitorais e em política internacional, a questão racial vai influenciar a disputa pela presidência dos EUA.

As eleições americanas parecem ter dois adversários absolutamente contrapostos. É isso?

É isso mesmo.

Como a tensão racial pode afetar as eleições? Quem pode ser mais prejudicado?

É difícil saber. Mas será um tema predominante até novembro. Essa questão racial é da gênese da sociedade americana. Sempre será um tema. Então, a questão toda é controlar, não deixar que ocorram esses conflitos. Mas sempre será um objeto de atenção e de tensão.

Os americanos estariam mais receptivos ao discurso de aumento na repressão policial ou ao diálogo com as minorias para evitar tanta violência?

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Acho que o esforço é no sentido de buscar o entendimento e apelar para aqueles valores americanos de uma sociedade plural, multirracial etc, como o presidente Obama já disse em alguns discursos.

Então, por essa visão, Hillary não seria a beneficiada?

Não necessariamente. Ela também é americana e também está no mesmo caldeirão cultural e político. Então, acho que essa violência racial atinge a sociedade como um todo, os políticos. Todos terão de se empenhar na solução.

O voto útil e a rejeição a um ou outro candidato podem ser decisivos?

O voto útil está sempre presente, em qualquer eleição. Então, pode funcionar e influenciar.

Quem teria mais rejeição?

Trump.

Ainda assim, o resultado da eleição é indefinido?

Até agora, tudo indica uma vantagem para Hillary. Trump tem um linguajar muito desastrado, as coisas que ele fala podem marcar na mente do eleitor.

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