“Todos pensavam que tragédia como esta era exclusividade dos EUA”, diz morador de Realengo

No começo da manhã desta quinta-feira, Joel Müller percebeu que a movimentação da polícia estava maior do que o normal no bairro de Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro. Conforme o pastor da Igreja Luterana, a violência é comum na região, pois o local é comandado por milícias e cercado de favelas – conhecidas no Rio como comunidades – que exploram o tráfico de drogas. Hoje, a situação de perigo foi diferente.

– Comecei a ver que aumentava o número de policiais e chamei minha mulher. Pouco depois, a TV já mostrava o que estava acontecendo – afirmou Muller, que mora há sete anos na comunidade.

Müller reside com a família a 600 metros da Escola Municipal Tasso da Silveira, palco de uma chacina, quando um homem invadiu o espaço e começou a atirar em alunos. Antes de saber o lugar exato da tragédia, o pastor e a mulher ficaram preocupados com o filho que havia saído na manhã de hoje para a aula.

– Tenho um menino que estuda numa escola particular, ao lado de uma instituição municipal. Pensei que poderia ser esta, mas graças a Deus não era. Todos os pais que puderam sair mais cedo para buscar seus filhos fizeram isso.

Segundo ele, o movimento ainda era grande no bairro e helicópteros sobrevoavam o local no início desta tarde. O pastor sabe que a vida na vizinhança não será mais a mesma.

– Os próximos dias serão diferentes. Ninguém imaginava que algo assim poderia acontecer. Todos pensavam que tragédia como esta era exclusividade dos americanos, mas agora vimos que não é.

Entenda o caso:

Um homem identificado como Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, entrou armado nesta quinta-feira na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, por volta das 8h. Segundo testemunhas locais, ele chegou a conversar com professores e alunos e, em seguida, começou a atirar. Uma das crianças conseguiu escapar e pediu ajuda a policiais militares do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRV) que davam apoio a uma blitz nas proximidades da escola, na Rua Piraquara. Ao chegar ao local, um policial atirou na perna do criminoso e pediu que ele largasse a arma. O homem caiu baleado e, ao ser rendido, atirou contra a própria cabeça.

Confira a localização da escola:

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