Os partidos catalães intensificaram nesta segunda-feira (18) os ataques a seus principais adversários dentro dos dois grandes blocos, o separatista e o unionista, em uma corrida por liderar os dois campos diante das eleições regionais de quinta-feira.
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O principal líder separatista preso, o vice-presidente do governo catalão deposto Oriol Junqueras, deu uma alfinetada nesta segunda-feira no ex-presidente Carles Puigdemont, que se refugiou em Bruxelas, ao afirmar que permaneceu na Catalunha porque não se esconde.
“Estou aqui porque não me escondo nunca do que faço e porque sou coerente com meus atos, com minhas decisões, com meus pensamentos, com meus sentimentos e com minha vontade”, disse Junqueras na prisão de Estremera, perto de Madri, em entrevista à rádio catalã Rac 1.
O interesse das eleições consiste em avaliar o vigor do separatismo catalão, que mergulhou a Espanha na pior crise política de sua democracia moderna, com a proclamação frustrada de secessão em 27 de outubro e a conseguinte resposta do governo central, que suspendeu a autonomia e destituiu o executivo regional, ao qual a Justiça acusou de sedição e rebelião.
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Sobre a decisão de partir para Bruxelas ou a de Junqueras de permanecer na Espanha, Puigdemont disse que cada um tomou a sua, atendendo a todos os tipos de razões, inclusive pessoais: “decidiu-se que cada um tomaria a decisão que acreditasse ser conveniente e que, sobretudo, todos respeitariam a decisão de todos”, explicou também à Rac 1.
“Nós não temos adversários nas fileiras do independentismo”, acrescentou o presidente deposto, negando que haja rivalidade entre as forças separatistas.
À noite, os candidatos às eleições se enfrentaram no último debate de campanha na TV pública catalã TV3.
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– Puigdemont reduz vantagem de Junqueras –
Junqueras é líder do partido ERC (siglas em catalão para Esquerda Republicana da Catalunha), favorito para vencer as eleições de quinta, assim como o partido unionista Cidadãos, segundo as pesquisas, mas nenhum dos dois deve obter a maioria absoluta, o que abre a porta para coalizões transversais e inclusive a repetição das eleições.
O ERC viu o partido de Puigdemont, o Unidos pela Catalunha, reduzir distâncias nas pesquisas. No bando “unionista”, Cidadãos e sua candidata Inés Arrimadas competem com o PSC (Partido Socialista da Catalunha), e ambos reivindicam o voto útil para por fim ao desafio independentista.
O candidato socialista na Catalunha, Miquel Iceta, chamou de “democrata de meia tigela” o líder nacional do Cidadãos, Albert Rivera, que declarou que votar em qualquer outro partido unionista que não fosse o dele equivaleria a desperdiçar o voto.
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“Eu não direi, como esse dirigente do Cidadãos, Albert Rivera, que todos os votos que não vêm para mim, vão para o lixo. Vamos lá, democrata de meia tigela!” – disse Iceta em um comício.
No campo separatista, o terceiro partido em disputa, a CUP (Candidatura da Unidade Popular), acusa agora os seus ex-parceiros parlamentares secessionistas de terem renunciado a se separar unilateralmente e sem a permissão do governo da Espanha e apostou em insistir nesta via: “se gerarmos a mínima dúvida, vão nos arrasar e denegrir como povo”, advertiu o candidato Pere Vidal Aragonés em um comício.
No ERC, reagiram afirmando que “está claro que é mais fácil falar do que fazer, nós que passamos semanas na prisão temos que situar algumas afirmações no contexto da realidade”, disse Carles Mundó, que também passou pela prisão e está em liberdade condicional.
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– O PP, superado nas pesquisas –
O Partido Popular (PP, conservador), do chefe de governo Mariano Rajoy, superado nas pesquisas – que lhe atribuem uma quinta posição – , se apresenta com o principal responsável por ter “descabeçado” o movimento independentista, nas palavras da vice-presidente do governo, Soraya Saénz de Santamaría, em contraste com o que consideram a ambiguidade do PSC, que governa junto aos separatistas em algumas prefeituras catalãs.
Nesta segunda-feira, Saénz de Santamaria acusou o processo separatista catalão de ser ‘fake’. Foi, acrescentou, “um processo baseado na pós-verdade, no qual as falsidades não só viajam pela rede, mas também em carro oficial”.
Depois de o governo espanhol acusar o separatismo de ter se valido do apoio de contas no Twitter russas para difundir calúnias, e deste ter sugerido que Madri está disposta a manipular as eleições, a vice-presidente declarou que medidas foram tomadas para assegurar o bom transcurso da votação.
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“Estão sendo reforçados estes sistemas de segurança, tanto em recursos humanos quanto em meios tecnológicos. Já foi realizado um simulacro do processo, analisando toda a segurança do sistema de escrutínio, que foi completado sem nenhum incidente”, explicou.
* AFP