“Todas as religiões têm curiosidade de ler a Bíblia”, diz vereador Jerônimo Alves

Lei que obriga Bíblias em local de destaque nas bibliotecas de todas as escolas de Florianópolis foi publicada na última terça-feira, no Diário Oficial da prefeitura, e já está valendo. A regra tem gerado polêmica entre professores e representantes de outras religiões.

Confira a entrevista do autor do projeto de lei, vereador Jerônimo Alves, que é Bispo da Igreja Universal.

Diário Catarinense – Qual o propósito dessa lei?

Jerônimo Alves – A Bíblia, nós introduzimos na biblioteca das escolas porque é o maior best-seller do mundo. É o livro mais lido do mundo. E um livro de autoajuda, de acesso a todos, além de ser um livro de pesquisa. Esse é nosso objetivo, haja visto que em quase nenhuma biblioteca pública se encontra um exemplar da Bíblia.

DC – Não seria melhor fazer isso por meio de um programa que incentivasse a aquisição? A lei não obriga livros de outras religiões que também seriam interessantes para consulta.

Alves – Nós colocamos a Bíblia porque é um livro que praticamente todas as religiões tem acesso. O ateu, aquele que não crê em nada, pode ter acesso à Bíblia, que não pode ser vista apenas como um livro religioso, haja vista que a jurisprudência das nossas leis no Brasil e de muitas leis no mundo foram oriundas da Bíblia sagrada.

DC – Isso não entra em conflito com o princípio de que o Brasil é um Estado laico?

Alves – Estado laico não é Estado ateu, é um onde todas as religiões são defendidas. Temos símbolos em públicas que são oriundos da Igreja Católica. Não estamos indo contra a Constituição, que é uma norma pétrea. Nossa intenção de colocar a Bíblia em destaque não foi no intuito de ferir a laicidade do nosso país.

DC – Por que não incluir também o Alcorão e a Torá? Para os alunos poderem consultar as três maiores religiões.

Alves – Já existem livros de outros que estão mais bibliotecas e ensinam outras religiões. Agora, a Bíblia é um livro de acesso mundial. Todas as pessoas, de todas as religiões têm essa curiosidade. Nosso objetivo não é colocar na grade curricular.

DC – Não é também uma forma de colocar o Cristianismo em uma posição mais alta que as outras religiões? A lei diz que ela tem que ficar em posição de destaque na escola.

Alves – A Bíblia é um livro de consulta para quem crê no criacionismo. Então a Bíblia é o único livro que, para se ter uma doutrina, é necessário ter um doutrinador. Não é esse nosso objetivo.

DC – Um pedagogo consultado disse que a lei vai contra a Constituição. E por que a necessidade de colocar em local de destaque?

Alves – Eu não vejo a Bíblia como um livro que venha a interferir na questão da laicidade. Vejo que não temos nas bibliotecas públicas escolares da Bíblia sagrada.