Consternado com os protestos em Londres e Paris durante o revezamento da Tocha Olímpica, o Comitê Olímpico Internacional (COI) afirmou nesta segunda-feira em Pequim que está “muito preocupado” com a situação do Tibete, na sua primeira audiência pública na China, quatro antes do início dos Jogos de 2008.

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– O revezamento da tocha se tornou o alvo das manifestações – disse hoje Jacques Rogge, em uma reunião em Pequim com representantes da Associação de Comitês Olímpicos Nacionais (ANOC).

– O COI expressou ter preocupação séria e pede uma solução rápida e pacífica no Tibete. A violência, pela razão que for, não é compatível com os valores da tocha e dos Jogos Olímpicos – acrescentou Rogge.

Analistas internacionais interpretaram as palavras de Rogge como um claro pedido para que a China reconsidere a passagem da tocha, nos dias 20 e 21 de junho, por Lhasa, capital do Tibete, onde aconteceram os maiores protestos contra a política de direitos humanos da China.

– O revezamento da tocha é um evento desportivo e não deve ser politizado. Creio que sobre este tema Rogge possui a mesma opinião – respondeu imediatamente, em uma coletiva de imprensa, Wang Hui, responsável pela comunicação do Comitê Organizador dos Jogos (BOCOG).

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Pequim deu hoje o primeiro sinal de flexibilidade quando o telejornal da TV oficial, CCTV1, transmitiu pela primeira vez cenas dos protestos de Londres e Paris durante a passagem da tocha.

Após a declaração de Wang, a ANOC se declarou contrária “a qualquer tentativa de usar os Jogos com fins políticos” e se comprometeu “a proteger firmemente o nome e a imagem dos Jogos, como também o direito dos atletas de participar deste grande festival mundial da juventude”.

A ANOC acredita que haveria uma solução pacífica aos protestos do Tibete, no entanto alguns dos sés membros estavam transtornados pela ratificação da China de que a tocha passará por Lhasa, onde os protestos teriam provocado 150 mortes e milhares de detenções.

– Se a cada passagem da tocha houver esses problemas seria uma vergonha para os valores olímpicos e o COI poderia se ver diante de um problema monstruoso – admitiu hoje, em Oslo, Tove Paule, presidente do Comitê Olímpico da Noruega.

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– Não se pode permanecer insensível diante do que está ocorrendo na China, os Comitês europeus esperam que o COI se pronuncie – expressou por sua o titular do Comitê Olímpico Italiano (CONI), Gianni Petrucci.