O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) acatou o pedido do Ministério Público e bloqueou pela segunda vez os bens de quatro suspeitos de envolvimento na compra de cinco semáforos com dispensa de licitação em abril de 2012, em Itajaí.

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Os bens do vereador José Alvercino Ferreira, do ex-vereador Carlos Ely Castro (que morreu em agosto deste ano), do ex-secretário de Administração, Nelson Abrão de Souza, e do administrador da empresa Tráfit Indústria e Comércio Ltda, Mário Eugênio Flores Carneiro, serão bloqueados em até R$ 215.498,57.

A decisão partiu da desembargadora Sônia Maria Schmitz, que entendeu que a Justiça pode decretar, liminarmente, a indisponibilidade de bens por improbidade, sem a comprovação de dilapidação do patrimônio. Cabe recurso contra a decisão.

Anteriormente, o MP obteve, em primeiro grau, decisão favorável à indisponibilidade dos bens. No entanto, os quatro suspeitos conseguiram reverter a decisão com recursos, alegando que não havia comprovação de que eles diminuíriam os bens para evitar o ressarcimento público.

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O Ministério Público informou ainda que aguarda que os herdeiros de Carlos Ely Castro sejam identificados no processo já que o réu faleceu. Nesse caso, o órgão disse ainda que é possível que os herdeiros sejam responsabilizados pelo ressarcimento ao erário.

Contrapontos

::: Nelson Abrão de Souza: o celular do ex-secretário de Administração de Itajaí estava desligado e ele não retornou as chamadas.

::: José Alvercino Ferreira: o vereador afirmou que não foi comunicado da decisão e que vai repassar o caso para o advogado. Segundo ele, o valor bloqueado não corresponde ao que foi pago pela prefeitura, que seria pouco mais de R$ 94 mil. Ele garantiu que é inocente e que a compra do semáforo não foi concluída.

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::: Mário Eugênio Flores Carneiro: nem o empresário ou representante retornaram o recado deixado pela reportagem na empresa Tráfit.

Entenda o caso

Em abril deste ano, a 9ª Promotoria de Justiça ajuizou ação civil pública contra José Alvercino Ferreira, Carlos Ely Castro, Nelson Abrão de Souza e a empresa Tráfit e seu administrador. Eles foram denunciados por não exigir licitação com respaldo legal para compra de cinco semáforos no valor de R$ 1.723.988,60 – uma média de R$ 340 mil por unidade.

De acordo com o apurado pela promotoria, o esquema teria começado em outubro de 2010, quando a Tráfit emprestou ao município cinco semáforos, aparentemente sem custo. Segundo a promotoria, esse contrato de empréstimo serviu para inserir os equipamentos na cidade e fundamentar a futura compra por inexigibilidade de licitação, quando houve então a cobrança pelo que foi emprestado, inclusive o transporte e a instalação, que custaram R$ 546 mil.

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O valor decretado indisponível corresponde à primeira parcela prevista no contrato e paga à empresa. As outras parcelas não foram pagas porque o município acatou a recomendação do MPSC e anulou a licitação e o contrato de compra dos semáforos.