Mengálvio Pedro Figueiró, ou apenas Mengálvio, tem muita história para contar sobre o futebol brasileiro. Catarinense de Laguna, jogou ao lado de nomes como Pelé, Coutinho, Pepe e Zito, entre outros craques, no Santos, na década de 1960. Mengálvio foi também um dos jogadores convocados para a Copa de 1962, no Chile, quando o Brasil foi bicampeão do Mundo, no dia 17 de julho, há exatos 50 anos.
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Diário Catarinense – Como foi disputar a Copa do Mundo de 1962?
Mengálvio – Bem, eu sou muito orgulhoso disso. Nasci em Laguna, comecei a carreira no Barriga Verde, time da minha cidade, depois passei para o Aimoré, de São Leopoldo (RS). Disputei o Gaúcho de 1959 como volante e ganhei bastante destaque _ a crônica gaúcha da época me elegeu o melhor volante do Estado no ano. Foi quando o Santos se interessou por mim e me contratou. Aí tive uma carreira brilhante, até que chegou o ano 1962. Na época, o Brasil tinha grandes meias, criadores de jogadas. Em 1962 eu fui escolhido para ser o reserva do Didi, que já havia sido campeão em 1958. Eu me orgulho muito da Copa de 1962, no Chile. Fico muito orgulhoso e feliz do fato. Tive uma carreira brilhante.
DC – Como recebeu a notícia de ser escalado na época?
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Mengálvio – Eu achava difícil que fosse ser escalado. Tínhamos times muito bons na época, com jogadores muito bons. Eu tinha uma atuação brilhante nas partidas que eu fiz no Santos e isso chamou a atenção dos dirigentes da CBD (Confederação Brasileira de Desportos, que antecedeu a atual Confederação Brasileira de Futebol, a CBF).
DC – Quais foram os jogos que mais te marcaram na campanha de 1962?
Mengálvio – Embora eu não tenha jogado _ eu era reserva, não entrei nos jogos, pela Seleção joguei mais amistosos – consigo me lembrar de que foi um campeonato bastante difícil. A Seleção enfrentou equipes muito boas e partidas muito complicadas. Todos os jogos foram difíceis, na verdade. Consigo lembrar da partida da Espanha, que marcou muito, foi um jogo difícil.
DC – Quais as principais diferenças do futebol da época com o futebol atual?
Mengálvio – O futebol, o jogo em si, é o mesmo. A bola também é a mesma. Então, o que mudou é que hoje em dia o futebol não é tão técnico quanto era na minha época. Hoje é um futebol mais focado na força, na condição física. Às vezes preparam o jogador para correr mais do que a bola. Na minha época, era difícil, por exemplo, um jogador dar um carrinho. Hoje, os carrinhos são jogadas comuns. Então acho que o que mudou mais foi isso.
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DC – Uma das coisas que mais falam da Seleção Brasileira hoje é que ela não joga com a mesma garra de antigamente. O que o senhor pensa sobre isso?
Mengálvio – É porque atualmente o futebol é um comércio muito grande. Hoje existe muito dinheiro em jogo. Na minha época, o jogador era pago apenas pelo clube – eu tive a sorte de jogar em um clube que pagava muito bem. Não existiam empresas grandes nem patrocínio de televisão. Então chegamos a um ponto em que muitas vezes não é vantajoso o sujeito jogar na Seleção, pode dar prejuízo. Agora, creio, eles estão se conscientizando de que não existe dinheiro no mundo que pague atuar pela Seleção Brasileira, você fica marcado para a história. Eles precisam colocar isso na cabeça, acho que só agora eles estão assimilando isso.
DC – Como era jogar ao lado de grandes nomes como Pelé, no Santos?
Mengálvio – Era ótimo jogar com esses caras. Não só o Pelé, mas com Coutinho, Durval, Zito, Mauro, todos eles. Foi uma alegria imensa, eles jogavam muito bem.
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DC – O que o senhor pensa do Santos de Neymar?
Mengálvio – Neymar é um craque. Mas ele precisa se aprimorar, precisa jogar mais. Ele tem muita coisa a aprender ainda.
Resumo do Brasil na Copa de 1962
Grupo 3
30/05 _ Brasil 2×0 México (gols de Zagallo e Pelé)
2/06 _ Brasil 0x0 Tchecoslováquia
6/06 _ Brasil 2×1 Espanha (gols de Amarildo)
Quartas de final
10/06 – Brasil 3×1 Inglaterra (gols de Garrincha (2) e Vavá)
Semifinal
13.06 – Brasil 4×2 Chile (dois gols de Garrincha e dois de Vavá)
Final
17.06 – Brasil 3×1 Tchecoslováquia (gols de Amarildo, Zito e Vavá)
Números
6 jogos
5 vitórias
1 empate
14 gols marcados
5 gols sofridos
Média de 2,8 gols por jogo
Artilheiros
4 gols
Garrincha e Vavá
3 gols
Amarildo
1 gol
Zito, Zagallo, Pelé