O governo privatizou o pré-sal?

Há controvérsias. Existem os que avaliam que há excesso de participação de empresas privadas e os que veem timidez na abertura às estrangeiras. A argumentação de quem defende a presença controlada de capital privado internacional é a falta de capacidade da Petrobras para fazer todos os investimentos necessários. Estimativas mais moderadas projetam US$ 180 bilhões para desenvolver a área de Libra. Ainda assim, a estatal ficou com a maior fatia: 40% (30% assegurados por lei e mais 10% na formação do consórcio). As empresas que terão a segunda maior participação – Shell e Total – têm a metade, 20% cada. Ou seja, a Petrobras, brasileira e estatal, manteve o controle das operações. Por outro lado, somadas, Shell e Total alcançam 40%, ou seja, a mesma fatia da Petrobras. Na prática, como o papel de operadora é reservado à Petrobras por lei, as decisões serão tomadas pela estatal brasileira. Muitos analistas consideram que, ao dar esse poder à Petrobras, o governo afasta o interesse de companhias privadas – e uma prova seria o fato de ter havido apenas um lance no leilão.

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O leilão foi um sucesso ou um fracasso?

Há duas avaliações. Por um lado, o consórcio vencedor tem a presença de duas grandes empresas internacionais de países desenvolvidos: Shell, parte britânica e parte holandesa, e a francesa Total. Desse ponto de vista, as críticas feitas na época da habilitação, por falta de grandes petroleiras americanas, perdem um pouco a força. Por outro, só foi formado um consórcio, e o lance foi pelo valor mínimo estipulado para o leilão. Nesse aspecto, o interesse pode ser considerado moderado, já que não houve uma disputa intensa por Libra.

As regras podem mudar para outras áreas do pré-sal?

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É outra polêmica. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, admitiu rever algumas regras, sem especificar se a mudança seria na lei (complexa, porque exigiria votação em dois turnos na Câmara e no Senado) ou nas regras do edital (mais provável, porque só depende do governo). Uma das alterações em discussão seria a redução do percentual mínimo exigido pelo governo do consórcio a título de partilha, de 41,65%, definido em edital. Somado a outros pagamentos, eleva a fatia da União no pré-sal para mais de 80%, o que pode reduzir o apetite por futuras áreas. Quando foi fixado, recebeu críticas pelo fato de transparecer mais preocupação em arrumar as contas do governo do que em atrair investidores.

Em quanto tempo vai sair o primeiro óleo em Libra?

Previsão é para 2018. Os primeiros quatro anos serão dedicados a levantamentos sísmicos 3D – uma espécie de pesquisa de imagem para identificar os melhores locais para perfurar poços. Só depois disso é que pode ocorrer alguma extração.

Será a primeira produção no pré-sal?

Não. Atualmente existem várias áreas do pré-sal já em produção. A maior é o Campo de Lula – antes chamada de área de Tupi. Somados, todos os campos em produção somam cerca de 380 mil barris ao dia, entre petróleo e gás natural. A maioria é operado pela Petrobras, em parceria com empresas internacionais. Esses campos fazem parte de uma parcela do pré-sal estimada em 22% do total, licitada antes que o governo identificasse a diferença de potencial dessas jazidas em relação às anteriores.