Após acidente na estrada, o motorista Camilo Fernando de Moraes, de 23 anos, desapareceu e resistiu a pelo menos 16 horas sem água e comida, gravemente ferido e enfrentando o rigoroso frio serrano de Curitibanos; o tio Alvady Cristino Rodrigues o encontrou em um local de difícil acesso e fala como conseguiu encontrar o sobrinho.

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Diário Catarinense – A partir de que momento o senhor saiu à procura do seu sobrinho?

Alvady Cristino Rodrigues – Era uma hora da tarde quando eu soube do acidente, e meia hora depois saí de moto sozinho, sem o meu irmão (pai de Camilo) saber e sem eu saber que ele estava fazendo o mesmo. Fui de moto até perto do posto da Polícia Rodoviária Federal de Ponte Alta (BR-116), e como não encontrei nada, voltei para ir até perto de Brunópolis (BR-470).

DC – Como o senhor tinha tanta certeza de que poderia ter sido um acidente em uma rodovia?

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Alvady – Coloquei na cabeça que eles poderiam estar por perto porque estavam na cidade de noite. Eu imaginava que estavam em algum asfalto da região.

DC – E como o senhor os encontrou?

Alvady – Conheço bem a região, e nos lugares que são mais perigosos, curvas e baixadas, eu ia devagar, descia da moto e procurava alguma coisa. Até que neste local eu vi vestígios de um carro, fui entrando no mato e achei uma calota e outros pedaços do carro. Era muito difícil chegar lá, nem de helicóptero eles iam ser encontrados. Depois de uns 50 ou 60 metros, encontrei o amigo dele caído morto fora do carro e escutei o gemido do meu sobrinho. Perguntei onde ele estava, e respondeu que estava debaixo do carro.

DC – Como foi o resgate e quanto tempo durou?

Alvady – Eu queria tirar ele na hora, mas não ia conseguir sozinho. Aí falei pra ele só pensar em Deus e Nossa Senhora Aparecida, e nada mais, porque eu já voltaria com o resgate. Fui até a cidade e liguei para os bombeiros, e logo em seguida tinha um monte de gente lá para ajudar. Foi muito rápido, acho que uns 15 minutos para o salvamento.

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DC – Qual o sentimento do senhor e que lição fica desse episódio?

Alvady – Não me sinto um herói, mas uma pessoa para quem Deus e Nossa Senhora Aparecida abriram e iluminaram o caminho para eu achar o meu sobrinho vivo. Fico feliz por ele, mas muito triste pelo amigo que morreu. A lição que fica é fazer sempre o bem sem olhar a quem.