Um estudo feito pela Escola Nacional de Saúde Pública em parceria com o Instituto Nacional de Câncer revelou um dado preocupante: a mulher que usa tinturas ou alisadores para o cabelo durante a gravidez aumenta o risco de seu bebê ter leucemia.

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A pesquisa foi realizada durante 10 anos com 650 mães: 231 com filhos diagnosticados com leucemia antes de 2 anos de idade e 419 mães sem filhos com câncer. O biólogo Arnaldo Couto, autor do estudo, diz que das 231 mulheres cujos filhos tiveram leucemia, 35 (ou 15,2%) usaram produtos químicos no cabelo no primeiro trimestre da gravidez. Entre as 419 mães com filhos saudáveis, 41 (ou 9,8%) utilizaram tinturas no mesmo período.

O estudo contou com um extenso questionário respondido pelas mães participantes da pesquisa. A partir do momento em que uma criança com menos de 2 anos era diagnosticada com leucemia uma amostra de sangue seguia para o Inca para confirmação diagnóstica e depois uma equipe entrevistava cada uma das mães.

O questionário incluía perguntas sobre hábitos de vida: alimentação, tabagismo, uso de álcool e medicamentos, exposição a agrotóxicos e tinturas. Para cada mãe com filho com leucemia, os pesquisadores entrevistavam duas mães controle – com um filho da mesma idade e sem a doença maligna. As perguntas eram direcionadas para os três meses antes de a mulher engravidar, os três trimestres da gestação e os três primeiros meses após o parto.

Os pesquisadores também analisaram os compostos existentes em 14 marcas de tinturas e alisadores. Foram identificados 150 componentes, sendo 32 deles potencialmente prejudiciais à saúde do bebê. Com os dados em mãos era calculada a estimativa de risco de a criança desenvolver leucemia por a mãe ter feito uso desses produtos. De acordo com Arnaldo Couto, autor do estudo, esse risco é 1,8 vez maior em mães expostas aos cosméticos do que entre aquelas que não haviam utilizado os produtos durante a gestação.

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– É justamente no primeiro trimestre que o bebê está em formação. Nessa fase existe uma divisão celular intensa e constante. Uma das hipóteses é a de que as substâncias químicas alteram o DNA e modificam a informação genética da criança – diz Couto.