Um grupo de mais de 20 trabalhadores de um frigorífico passou por momentos de pânico na noite de sexta-feira, em Criciúma. Após o dia de trabalho, o ônibus fretado que fazia o transporte dos funcionários da Seara Alimentos, de Forquilhinha para Criciúma, foi mais um alvo da onda de ataques que assola Santa Catarina.
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O veículo da empresa Expresso Coletivo Forquilhinha foi incendiado e ficou completamente destruído. Ninguém se feriu. Este foi o primeiro ataque na região Sul do Estado, desde que os atentados recomeçaram, na última quarta-feira.
Eram 22h45min quando o ônibus estacionou na Vila União, em Criciúma, para o desembarque de uma das passageiras. Neste momento, dois homens armados chegaram em uma moto e um deles invadiu o coletivo. Segundo o depoimento de um dos trabalhadores que presenciou o ataque, um gaúcho de 24 anos que prefere não se identificar, a dupla portava armas de cano longo – possivelmente espingardas de caça calibre 22 – e gritava para que todos descessem do veículo.
Alguns tentaram fugir pela porta da frente e precisaram pular a catraca. Com o tumulto, pessoas caíram e acabaram pisoteadas, mas todos conseguiram sair e ninguém se feriu com gravidade.
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– Foi um pavor. A galera saiu a mil e aí já entrou o outro cara com um galão. Acho que era gasolina – conta o operador de máquinas.
Em minutos, o coletivo estava em chamas. Os trabalhadores se abrigaram em casas das proximidades e tentaram acionar a polícia.
– Entrei numa casa com umas colegas e tentei entrar em contato com a polícia. Liguei três vezes. Acho que pensaram que era trote e desligaram. Algum outro vizinho deve ter conseguido ligar, porque eles chegaram 30, 40 minutos depois, junto com os bombeiros – explica.
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Em pânico, muitos passageiros abandonaram seus pertences no veículo na hora da fuga. Além de documentos e outros objetos, alguns trabalhadores viram o fogo consumir todo o dinheiro recebido pelo trabalho do mês anterior.
– Ontem tinha saído o pagamento da empresa. Tinha colegas que estavam com todo o salário na bolsa. Queimou tudo – lamenta o funcionário.
Entrevista com uma das vítimas, um operador de máquina, 24 anos que pediu para não ser identificado:
Jovem presenciou o ataque ao ônibus que levava os trabalhadores da sede da empresa, em Forquilhinha, para Criciúma. Em minutos o coletivo foi totalmente destruído pelo fogo. O operador de máquinas narra os momentos de pânico da noite de sexta-feira:
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Agência RBS – Como aconteceu o ataque?
Operador de máquina – Nós estávamos voltando do trabalho. Uma passageira foi descer na sua parada habitual, na Vila Jardim União, em Criciúma, quando dois caras armados chegaram em uma moto. Um deles invadiu o ônibus e gritou para todo mundo descer.
Agência RBS – Eles chegaram a ferir alguém?
Operador de máquina – Não. Mandaram todo mundo descer a coices e ponta-pés. Mas, pelo menos, não atiraram.
Agência RBS – Você viu a arma que eles carregaram?
Operador de máquina – Pareciam armas de caça, cano longo. Acho que eram (calibre) 22.
Agência RBS – O que aconteceu depois?
Operador de máquina – Foi um pavor. A galera saiu a mil e aí já entrou o outro cara com um galão. Acho que era gasolina. A mulherada saiu gritando, apavorada. Muitos tentaram sair pela porta da frente, mas aí tinha que pular a catraca. Uns caíram e o resto cruzou por cima. Baita pavor, mesmo.
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Agência RBS – Onde vocês se abrigaram?
Operador de máquina – Uns correram para um lado, outros para outro. Eu entrei em uma casa com umas colegas e tentei entrar em contato com a polícia. Liguei três vezes. Acho que pensaram que era trote e desligaram. Algum outro vizinho deve ter conseguido ligar, porque eles chegaram 30, 40 minutos depois, junto com os bombeiros. Mas aí já era tarde. Graças a Deus não tinha ninguém dentro do ônibus. Se tivesse, tinha morrido.
Agência RBS – Vocês perderam muita coisa dentro do veículo?
Operador de máquina – Um monte de colegas travou na hora e acabou deixando bolsa e tudo mais para trás. Ontem (sábado) tinha saído o pagamento da empresa. Tinha colegas que estavam com todo o salário na bolsa. Queimou tudo.
Clique no mapa e veja onde foram as ações criminosas:
Visualizar Atentados em SC – 2013 em um mapa maior
Quarta noite de ataques
No início da noite de sábado, um ônibus coletivo da empresa Critur, de Criciúma, foi alvo de um ataque no bairro Renascer. O veículo foi incendiado, mas não houve vítimas. Segundo a PM, um suspeito foi detido.
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Às 6h15, um ônibus foi incendiado em Joinville por quatro homens, todos armados e um encapuzado. Não houve vítimas.
Pouco antes das 3h deste sábado, bandidos passaram atirando pelo prédio da prefeitura de Itajaí. Foram efetuados pelo menos cinco disparos, que atingiram os vidros do prédio.
À 1h50min, aproximadamente, bandidos incendiaram um ônibus parado em Pomerode, na localidade de Alto da Serra. Segundo o motorista, Ivan Borchardt, o fogo quase se espalhou para casas próximas, mas foi combatido com quatro extintores de ajuda de moradores.
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Nesse mesmo horário, só que em Joinville, houve uma tentativa de fogo a caminhão. O dono do veículo com a ajuda de populares conseguiu apagar o incêndio. Os suspeitos não foram vistos, apenas testemunhas ouviram barulho de motos deslocando do local.
Por volta de 01h de sábado, um carro que havia sido furtado foi incendiado em uma rua do bairro Monte Alegre, em Camboriú, e ficou completamente destruído. O veículo era do pedreiro Rubens Cardozo, 54 anos, que mal tinha registrado o furto na delegacia quando soube do fim do carro.