Não é porque perdeu uma das pernas em um acidente de trânsito que Marcelo Pacheco ficou parado. Aos 41 anos, o comerciante treina todas as noites de sexta-feira no Real Vôlei, equipe do esporte adaptado da Udesc, em Coqueiros, região continental de Florianópolis. O atleta não vê a hora de estar participando de torneios em Santa Catarina ou pelo Brasil. Para isso só falta um detalhe: que mais pessoas entrem para o time.
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— Os primeiros dias foram muito cansativos, eu ficava muito dolorido, porque a gente se arrasta no chão. Mas foi uma grande oportunidade que eu recebi e não posso perder — lembra Marcelo.
Ele começou no esporte a convite do treinador da equipe, Evandro Nandi. Os dois se conheceram através do filho de Marcelo, João Vitor, de 14 anos, que treina com Evandro numa equipe de vôlei tradicional. O projeto começou em junho do ano passado. Atualmente tem sete atletas, sendo quatro amputados e três com deficiência mínima. A equipe ainda precisa de pelo menos mais cinco jogadores. Com esse número de atletas, poderia ingressas na Série C do Campeonato Brasileiro, disputar a Sul Brasileiro, além de copas não federadas.
— A gente patrocinador com verba pra alimentação, viagem, uniforme, material esportivo, eu tenho disposição para treinar, só falta o público se interessar. As pessoas que estão numa cadeira de rodas não podem se achar coitadas — convoca o técnico.
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Evandro salienta ainda que caso um atleta se destaque, ainda é possível ganhar uma bolsa da Confederação Brasileira de Vôlei para Deficientes, com valor inicial de R$ 900.
É o que busca Marcelo Pacheco. A caminhada dele está sendo longa: já se vão 6 anos. O acidente aconteceu em dezembro de 2010 em frente ao shopping Itaguaçu, na BR-101. Ele lembra que estava de moto e um andarilho cruzou seu caminho. Acabou atropelado por um caminhão. Ficou nove dias em coma e passou por 18 cirurgias. Três anos depois passou a jogar basquete em cadeira de rodas na Aflodef (Associação Florianopolitana de Deficientes Físicos). Mas queria mesmo vôlei, o esporte que já praticava antes do acidente.
— Mesmo depois das cirurgias eu ainda tenho um problema no quadril, e o vôlei sentado ajuda a fortalecer a região.
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Como entrar em contato
Interessados em ingressar no Real Vôlei devem procurar o professor Evandro Nandi através do telefone 48 98443-4225 ou no e-mail nandi.evandro@gmail.com. Não precisa ser aluno da Udesc. Não é preciso experiência e não há restrição a gênero e idade.
História
O vôlei sentado surgiu da junção do vôlei convencional com um esporte alemão praticado por pessoas com pouca mobilidade, mas sem rede, chamado sitzbal. A união das duas modalidades fez surgir o vôlei sentado em 1956. Utilizando basicamente as regras do vôlei, o esporte tem um ritmo frenético e é disputado oficialmente desde as Paraolimpíadas de Arnhem-1980, na Holanda.
Podem competir no vôlei sentado jogadores amputados, paralisados cerebrais, lesionados na coluna vertebral e pessoas com outros tipos de deficiência locomotora. Uma das regras principais do esporte é que os atletas não podem bater na bola sem estar em contato com o solo.
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