O campo era do Clube Marcílio Dias, a bola oval. A partida era a final do Campeonato Brasileiro de Futebol Americano e teve de tudo: emoção, garra, jogador machucado, chuva, persistência, cinco touchdowns, confusão nos minutos finais e uma torcida enlouquecida na arquibancada. Teve também a consagração do Timbó Rex, que venceu o Vasco da Gama Patriotas por 28 a 9 em um jogo para levantar até quem não conhece o esporte.
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– Essa é a segunda final consecutiva, acho que é um trabalho que já vem sendo feito há muito tempo e não é a toa que chegamos novamente na final. Acho que a gente merece isso, trabalhamos muito forte. Sem palavras, estou muito emocionado – disse o presidente do T-Rex, Igor Rick, logo após o fim do jogo.
Invicto no campeonato, o time timboense mostrou logo de cara que queria a revanche contra o Vasco – no ano passado, a equipe sofreu uma virada de 24 a 22 dos cariocas e perdeu a final do Torneio Touchdown. Foi o T-Rex também que abriu o placar com dois touchdowns e uma conversão de dois pontos nos primeiros dois quartos da partida. Os Patriotas conseguiram apenas marcar um field goal e foram para o intervalo com o saldo de 14 a 3 para a equipe catarinense.
No terceiro e quarto tempos da disputa, o Timbó Rex mostrou porque tem a melhor campanha do campeonato brasileiro e foi campeão catarinense neste ano, abrindo uma vantagem de 20 a 3 com outro touchdown. O Vasco até ensaiou uma reação e, em duas jogadas rápidas, diminuiu para 20 a 9. Não adiantou, o T-Rex ampliou de novo com as corridas do running back Clair José e jogadas precisas do quarterback Drew Hill.
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A torcida do Rex – que lotava a arquibancada coberta do campo – também incomodou o adversário e não deixava o ataque pensar. Nem a habilidade do QB Lucas Shaw, uma confusão entre os jogadores e a experiência do técnico da Seleção Brasileira de Futebol Americano, Gabriel Braga Mendes, que comandava o Vasco, foram suficientes para desestabilizar o time catarinense. O quarto tempo terminou com mais um touchdown e dois pontos convertidos pelo Timbó: 28 a 9.
– Foi incrível, porque o time que a gente tem agora não é o mesmo que tínhamos quando eu cheguei. Eles trabalharam muito, não só o corpo, mas a mentalidade. Sabendo coisas pequenas sobre o futebol americano, mas que fazem diferenças grandes. Estou bem orgulhoso – afirma Drew Hill, do T-Rex.
Um dos destaques da partida, Clair José também comemorou a vitória:
– Finalmente! Depois do vice-campeonato do ano passado a gente mudou as atitudes do time, decidiu levar mais para o lado profissional, com mais treinos, mais estudo sobre os times e cada jogo era diferente. Eu nunca consegui mais de 10 jardas contra o Vasco, mas hoje eu decidi que era nossa vez e deu certo.
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Taça levantada e muita lama

– São quase três anos que a gente vem trabalhando para isso, tem muita coisa por trás e cada vez mais a gente percebe que o que realmente importa são esses jogadores que vem de longe para treinar, enfrentam cinco horas de trânsito para treinar. O que vale a pena realmente é esse coração que eles têm, é essa dedicação. E esse ano foi diferente, a gente se dedicou ainda mais e no próximo vamos ter que nos dedicar muito mais – avalia.
O técnico também elogiou a torcida animada que apoiou o time durante toda a final:
– A gente tem a melhor torcida do Brasil, já teve jogos que a gente ganhou por causa da torcida. Não sei quantas pessoas têm aqui, mas com certeza hoje o jogo foi deles também.
Torcida organizada e muita vibração no estádio

Se em campo o Timbó Rex mostrou muita garra. Fora dele a torcida não deixou a desejar. Foram praticamente três horas de muita festa e vibração na arquibancada do Gigantão das Avenidas. Uma das mais animadas era Dirlene Salvador, mãe do treinador Amadeu. Ela conta que os moradores são apaixonados pelo time e há cerca de um mês criaram a Rex Mania – torcida organizada que tem aproximadamente 75 membros.
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– Desde que meu filho era jogador eu acompanho os jogos e agora o grupo está aumentando, vieram cinco ônibus para torcer hoje. No início a gente não sabia como fazer, agora aprendemos que quando eles estão no ataque ficamos em silêncio e quando estão na defesa fazemos barulho – explica.
Tatiane Cardoso e Ana Paula Hahnebach também fazem parte da torcida organizada do Rex. As amigas dizem que começaram a assistir as partidas por acaso e hoje estão apaixonadas pelo esporte.
– Fomos num domingo que não tinha nada para fazer e agora vemos todos os jogos – contam.
Mãe do jogador Leonardo Boaventura, Gládis Longo Boaventura estava nervosa na arquibancada. Com uma faixa do T-Rex no braço, ela disse que desde sexta-feira não consegue conter o nervosismo para a partida.
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– Fui eu que levei e insisti para o Leonardo ir ver o treino. Pedi para ele se não dava vontade de entrar em campo e ele me falou que era isso que queria fazer – comenta.
Gládis afirma ainda que a equipe é muito unida, apoia causas sociais e treina quatro dias por semana.
– Eles treinam com chuva ou sol, vivem isso e a gente vem torcer. Eu não perco um jogo, eles merecem essa vitória.
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