Quando os cuidados com os cabelos não iam além de um simples corte e o inesquecível permanente, o cabeleireiro Sebastião Machado, 68 anos, já dava o que falar entre o público feminino. Na década de 1970, o catarinense de Criciúma chegava a Joinville trazendo um espírito de renovação, pensamento que se mantém até hoje, após 45 anos de muitas cabeças feitas na cidade.

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Quem lembra do primeiro endereço do cabeleireiro, na rua 15 de Novembro, talvez não tenha se dado conta dos tabus quebrados atrás do letreiro “Tião Cabeleireiros“. As letras miúdas “u-n-i-s-s-e-x” não eram tão bem recebidas naquele era dos cabeludos e da disco music. Mulher frequentava institutos de beleza, enquanto os homens ficavam restritos às barbearias.

– As pessoas estranhavam no começo e os maridos diziam não iriam levar as mulheres para o mesmo ambiente. Depois foram se acostumando – lembra Tião.

A habilidade para cortar cabelos tanto de homens quanto de mulheres chegou ao acaso em Joinville. Tião, um dos oito filhos a seguir a carreira do pai, queria mesmo era tentar a vida em Foz do Iguaçu, no Paraná, quando deixou Criciúma aos 24 anos. Só não contava se encantar com a arborização da tal Manchester Catarinense no meio do caminho.

O ofício que Tião tão bem desempenha desde os 12 anos é seu ganha pão até hoje. Em quatro décadas e meia de atuação em Joinville, o catarinense passou por inúmeras tendências capilares sem ficar para trás. Prova disso é que ainda é disputado por avós, pais e filhos nos três salões de beleza que administrada atualmente.

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– Nestes 45 anos, eu nunca deixei de aprender e ensinar. Orgulho-me de por Joinville ter tantos cabeleireiros bons – diz Tião.

A unidade mais antiga do Tião Cabeleireiros funciona no shopping Mueller desde a sua inauguração, há 20 anos. É lá que ele também fica a maior parte do tempo, seja dominando as tesouras, fiscalizando o atendimento dos funcionários ou tocando harpa. Sim, Sebastião tem em sua sala um modelo paraguaio e arrisca canções típicas entre um cliente e outro.

Um violão também divide espaço com os móveis do salão. Entre os xodós também está uma cadeira que o proprietário trouxe da Europa em sua primeira viagem em busca de aprimoramento, em 1978. O modelo eletrônico está entre as relíquias de Tião, junto com uma infinidade de tesouras, amoladores e escovas.

– Um cabelo bem feito vale mais do que uma boa roupa, é capaz de mudar o astral. Por isso me considero um médico da beleza.

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