Morreu nesta terça-feira, 6 de novembro, Lothar Eckhoff, aos 89 anos. Ele era um sobrevivente da Segunda Guerra Mundial e mudou-se para Joinville nos anos 1950. Deixou a esposa, Úrsula, com quem ficou casado por 64 anos, e três filhos. Foi velado em uma capela da Borba Gato e sepultado no Cemitério Municipal de Joinville às 15h30 desta quarta-feira, 7.
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Em 2004, o jornal A Notícia contou a história de Lothar em uma matéria do jornalista Rubens Herbst. Ele nasceu no Brasil em 1928, em uma colônia alemã chamada Neu Breslau, atual Presidente Getúlio, no Vale do Itajaí. Lothar tinha dez anos quando agentes de Adolf Hitler vieram ao Brasil para convidar alemães e descendentes dos imigrantes a retornarem ao país, com a garantia de casa e trabalho, além das passagens gratuitas para todos os membros da família.
Era 1938 quando ele, os pais e a irmã embarcaram em um navio para seu novo endereço, na zona rural de Hamburgo. Hitler havia sido nomeado chanceler da Alemanha em 1933 e instaurado o III Reich em 1934, iniciando a segregação racial, com a perseguição a judeus, e o plano de expansão geográfica da Alemanha. A Europa estava às vésperas da declaração da Segunda Guerra Mundial.
Lothar contou ao jornal A Notícia que presenciou navios cheios de judeus que haviam sido expulsos da Alemanha e que, ao chegarem na casa prometida pelo governo alemão, descobriram que tratava-se da residência de judeus desalojados, obrigados a deixar para trás até os móveis e os mantimentos.
Soldado adolescente
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No período da guerra, que ocorreu enquanto ele tinha entre 11 e 16 anos, Lothar assumiu a tarefa de tocar a sirene de alerta quando havia ameaças de bombardeios e batalhas aéreas. Em 1940, o pai dele foi convocado pelo exército alemão e só voltou para casa cinco anos depois do fim da guerra, já que sua tropa foi presa pelo exército russo.
Lothar também foi convocado: ele tinha apenas 15 anos quando treinou para lutar na guerra e, em uma viagem para a Dinamarca, uma mina explodiu o trilho do trem — oito soldados morreram. Com o fim da guerra e a derrota do governo nazista, ele conseguiu liberdade por ter cidadania brasileira.
Dedicação a Joinville desde os anos 1950
Mudou para Joinville em 1954, depois de ter trabalhado como marceneiro e optado pela área de segurança. Atuou como chefe de área por 30 anos na Consul (que atualmente faz parte da Whirlpool Latin America), onde ajudou a criar a Associação dos Profissionais de Segurança e Saúde Ocupacional de Joinville e região, a Competição dos Bombeiros Industriais de Joinville e o Centro Comunitário de Segurança.
Ele também integrou a Sociedade Cultural Alemã de Joinville junto com Úrsula. Por seu engajamento com o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, foi homenageado em 2006 pela corporação com a Ordem da Machadinha, comenda máxima da entidade.
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