A ideia de dar um tablet por aluno, um notebook por professor e uma lousa digital por escola estará em prática em seis meses. É esse o prazo estipulado pelo candidato a prefeito Udo Döhler (PMDB) para colocar em uso a ferramenta tecnológica. Os equipamentos não serão colocados em toda a rede de ensino de Joinville de uma única vez.

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A promessa é de instalar gradativamente os aparelhos, criando escolas-pilotos para o projeto e, depois, replicar o modelo nas outras. Mesmo pretendendo colocar os aparelhos à disposição dos 49.902 alunos do ensino fundamental e da educação de jovens e adultos – os 10.886 da educação infantil não serão contemplados -, Udo imagina gastar R$ 27,99 milhões para cumprir o prometido.

Para chegar a esse valor, o candidato calculou um custo de R$ 500 por tablet, R$ 900 por notebook e R$ 2,5 mil por lousa digital. Os custos, segundo ele, são para máquinas mais avançadas – a compra de grandes quantidades e à vista diminuiria o preço do produto. Um tablet, por exemplo, que custa R$ 1 mil, sairia por R$ 500.

Os aparelhos teriam funcionalidades comuns aos eletrônicos, como acesso à internet, vídeos e música. Para bancar a compra, Udo pretende conseguir dinheiro a fundo perdido (não precisa pagar) do governo federal. Com os recursos assegurados, caberia à Prefeitura capacitar os funcionários simultaneamente ao recebimento do equipamento e, no máximo, dar uma contrapartida.

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Outro gasto, este constante, seria para a manutenção do sistema, como a instalação de softwares e o conserto dos aparelhos. Segundo a campanha de Udo, o prazo limite para que todas as escolas do município passem a contar com os aparelhos eletrônicos integrados em suas salas de aula seria de, no máximo, um mandato.

No período de transição para a aplicação do novo conceito, os jovens de séries mais avançadas receberiam primeiro o aparelho. Depois, a novidade iria chegar decrescentemente ao restante dos alunos.

– É claro que a educação não se faz por tablet, mas ele é uma boa ferramenta para o aluno. A educação se faz com o professor e sua valorização. Logo, o problema não é o recurso para comprar os equipamentos, é preparar o aluno e o professor para utilizar adequadamente a nova ferramenta – pondera Udo.

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Tecnologia na educação

Joinville conta hoje com 86 escolas e 921 salas. Além disso, são mais 57 centros de educação infantil (CEIs), totalizando uma rede com quase 60 mil alunos, entre educação fundamental, para jovens e adultos e infantil.

Para alimentar todo esse sistema é gasto quase um quarto dos recursos que a cidade recebe anualmente. No ano passado, do R$ 1,1 bilhão de receita líquida obtida pela Prefeitura de Joinville, R$ 233 milhões foram para educação – com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), do governo federal bancado a maior fatia: R$ 145 milhões.

O investimento de 2011 representa um avanço de quase 20% considerando os R$ 195 milhões gastos em 2009. Mesmo assim, as escolas joinvilenses convivem com problemas de estrutura. Faltam salas para tantos alunos – recentemente, com a compra de salas modulares, foi possível criar estrutura suficiente para o turno único. Também faltam salas climatizadas para os alunos.

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Da mesma forma, não são todas que têm ginásio. Já na parte tecnológica, muitas unidades não contam com a rede wi-fi, como o colégio do Morro do Amaral, na zona urbana, e escolas na zona rural. Com mais de 80% dos recursos que vêm do governo federal via Fundeb sendo utilizados para o pagamento da folha de 4.490 funcionários que a Secretaria da Educação tem, a Prefeitura utiliza o restante do dinheiro basicamente para pagar merenda escolar.

As quantias investidas de fonte do próprio município vão para manutenções, entre outros serviços. Mesmo com todas as escolas tendo pelo menos uma sala com computadores para os alunos, não há nenhum programa para utilização de tablets. Acima de tudo, uma boa parcela dos professores ainda não tem qualificação técnica para conseguir unir o uso de tablets, notebooks e lousas digitais com o conteúdo a ser repassado.

Há, ainda, dificuldade com o aprendizado, principalmente de docentes com mais tempo de serviço. Outro entrave é que nem sempre as licitações barateiam o preço do produto comprado. Em estudo da ONG Contas Abertas, em média, os municípios, Estados e União gastaram 16% a mais do que o preço de mercado para compra de aparelhos, serviços e obras no ano de 2011.

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