Para testar como está a mobilidade de Joinville, o jornal "A Notícia" reeditou um teste realizado em 2009, 2013 e 2017 com uma bicicleta, uma moto, um carro e um passageiro dentro de um ônibus. O percurso foi o mesmo das outras edições do "Teste de Mobilidade": os 8,5 quilômetros do terminal de ônibus Norte até a estação Sul.
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O transporte coletivo guiou as regras do percurso: o trajeto devia ser feito pelas ruas Blumenau, Nove de Março, Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas e Santa Catarina, o mesmo caminho realizado pela linha 0200, a do Norte/Sul.
Confira a reportagem completa
A repórter do jornal "A Notícia" Cláudia Morriesen realizou o trajeto de bicicleta. A bike levou uma hora e um minuto para terminar, sendo 23 minutos a mais do que o teste realizado há dois anos. Saiba como foi a experiência:
Antes de iniciar o relato do trajeto feito com bicicleta, é necessário deixar claro: sou uma ciclista eventual e, por isso, pouco experiente. Enfrentar algumas das ruas mais movimentadas de Joinville às 18 horas de uma terça-feira chuvosa é bem diferente de pedalar pela cidade nas tardes de fim de semana, por exemplo.
O ponto de partida já é bastante desencorajador por causa das obras na rua Blumenau e neste trecho precisei subir na calçada para seguir em frente. A opção correta era dividir o espaço de duas pistas com os veículos, mas, em Joinville, não é raro encontrar ciclistas dividindo espaço com os pedestres mesmo onde as calçadas não foram construídas para serem compartilhadas. No entanto, elas não existem em nenhuma parte do trajeto de oito quilômetros — nas ruas utilizadas pelo teste, aliás, não há nenhum tipo de sistema cicloviário.
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Mesmo assim, os primeiros três quilômetros foram transpostos tranquilamente. Mas, ao chegar na região do Centro, onde o fluxo de ônibus aumenta e o número de pedestres na calçada também, o ciclista fica sem espaço seguro para circular e a velocidade diminuiu. Levei menos tempo para chegar ao Centro do que para atravessá-lo: foram cerca de 12 minutos entre a rua Timbó e a rua Nove de Março, onde cheguei 20 minutos depois da partida.
A pior parte do trajeto, no entanto, ainda estava por chegar. Depois de um trecho bastante livre na pista na avenida JK, a avenida Getúlio Vargas revelou-se o pior lugar para passar com a bicicleta naquele horário. Apesar de haver corredor de ônibus em quase toda a extensão da via — que, em horários mais tranquilos ficam vazios em vários momentos, facilitando a passagem segura do ciclista pelo lado da calçada — às 18h30 chega a ocorrer filas dos coletivos e sobra pouco espaço para transitar em segurança na pista ao lado deles, principalmente onde há vagas de estacionamento.
Levei quase metade do tempo total do trajeto para atravessar aqueles dois quilômetros e chegar à rua Santa Catarina. Depois, foram apenas dez minutos para chegar ao Terminal Sul, com muitos desvios dos buracos no asfalto e duas paradas para secar os óculos de grau, já que a chuva ficou mais forte e deixou claro o maior problema de ser um ciclista: estar completamente exposto a todos os fatores externos.
Para quem quer ou precisa realizar um trajeto semelhante em horário de pico, a dica é procurar ruas mais tranquilas e onde existam ciclovias, mesmo que isso aumente o trajeto em alguns metros. No caso do percurso realizado pelo Teste de Mobilidade do A Notícia, o ideal para o ciclista era começar pela rua Visconde de Mauá, que tem menor fluxo de trânsito, ou pela Beira-rio (via Avenida Marcos Welmuth), onde há sistema cicloviário em alguns pontos. Já na zona Sul, o trajeto pela rua São Paulo é mais seguro do que a rua Santa Catarina, já que há calçada compartilhada entre a Ministro Calógeras e a rua Monsenhor Gercino e ciclovia a partir da Monsenhor Gercino.
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Os tempos de cada veículo
Moto: 25 minutos (velocidade média de 20,7 km/h)
Carro: 30 minutos (velocidade média de 17 km/h)
Ônibus: 40 minutos (velocidade média de 12,8 km/h)
Bicicleta: 61 minutos (velocidade média de 8,4 km/h)