Desde que a empresa Uber passou a operar em Florianópolis, a discussão envolvendo os taxistas e motoristas que prestam serviço através do novo aplicativo ganhou um novo capítulo. A reportagem do Diário Catarinense foi às ruas na manhã desta terça-feira de chuva para fazer o teste e descobrir o que realmente importa: qual dos dois é mais barato e mais rápido?
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Para comparar os serviços, pedimos táxi pelo aplicativo Easy Taxi e Uber no mesmo local e horário. No primeiro trajeto, percorremos uma distância de aproximadamente 4 quilômetros, entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Centro Integrado de Cultura (CIC). O segundo caminho foi mais longo, pouco mais de 13 quilômetros entre o CIC e o Aeroporto Internacional Hercílio Luz. Além do tempo e valor da corrida, avaliamos as condições dos carros e a simpatia dos motoristas.
Veja como foi a experiência com a Uber
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A Uber chegou à Capital catarinense na última sexta-feira. Na primeira corrida testada pelo DC, o motorista pediu se a repórter prefiria algum tipo de música específico, tinha balas tipo butter toffee e de iogurte e até álcool em gel. O banco não era de couro – tudo bem, claro -, mas o carro estava limpo e cheiroso. O ar condicionado estava em uma temperatura agradável. Não tinha carregador de iPhone, mas a repórter tinha cabo e pôde carregar o celular no curto trajeto.
O motorista não interagiu muito, apenas quando solicitado. A conversa foi sobre a mostra de Gaudí – ele contou sobre uma viagem que fez com a esposa e amigos para Barcelona. Ele também contou que é representante de vendas e que trabalha com a Uber no tempo livre, pois tem horários flexíveis. Como era a primeira corrida da repórter, ele perguntou se ela havia recebido um cupom de desconto e explicou pacientemente como funcionava a avaliação, o pagamento e o envio de recibo. No final, agradeceu a repórter e a chamou pelo nome.
Aprovado!
Já o segundo trajeto, até ao aeroporto, não foi tão tranquilo. O motorista não foi até a porta do CIC e a repórter teve que caminhar na chuva até alcançá-lo. Ele também não tinha checado qual seria o destino (que deve ser previamente informado antes de solicitar um carro). Quando soube que era o aeroporto, disse que teria que encerrar a corrida alguns quilômetros antes para escapar da fiscalização.
— Na verdade, o prejuízo vai ser meu, mas é só até regularizar a questão municipal — comentou.
O carro não estava tão limpo como o primeiro e nem tão cheiroso, e não tinha música. O ar condicionado estava agradável, e o motorista perguntou se a temperatura estava boa. Ele contou que o veículo pertence à sua família, que tem uma locadora de carros. Perto do estádio do Avaí, ele recebeu uma chamada pelo app, que pensou ser de um fiscal da secretaria de Mobilidade Urbana de Florianópolis. Com medo de levar uma multa e de ter o automóvel apreendido, ele perguntou se a repórter se importava de trocar de carro no meio do caminho, para despistar a fiscalização. Pouco antes de chegar no destino, fomos até um pátio onde a empresa da família guarda alguns carros. O Sedan foi trocado por uma camionete e, enfim, ele deixou a repórter no aeroporto. A avaliação após a corrida, é claro, não foi positiva.
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Em Florianópolis, a Uber está operando a categoria UberX, cujas exigências são ter um carro no mínimo de 2008, com quatro portas e ar condicionado. Não são aceitas picapes e caminhonetes. Os famosos carros pretos e de luxo são oferecidos na categoria Uber Black – modalidade sem previsão para entrar em serviço em Florianópolis.
Confira como foi o primeiro trajeto e compare:
Acostumados a receber reclamações dos clientes pelo estado de conservação dos veículos, a preocupação da prefeitura de Florianópolis quando habilitou novos profissionais no começo deste ano era, além de ampliar o número da frota, oferecer mais conforto e melhorar o atendimento do serviço. Credenciado desde fevereiro deste ano, o motorista do primeiro trajeto foi bastante educado e o bate-papo foi bem descontraído.
No caminho, cerca de 4 quilômetros, foi possível perceber que o carro não tinha mais de cinco anos de uso. O veículo era equipado com ar-condicionado, som e estava limpo. O profissional estava identificado com crachá e camisa da prefeitura. Além disso, as informações de credenciais e tabela da tarifa do táxi estavam à vista no para-brisa do veículo.
— Viramos ativistas políticos, psicólogos e melhores amigos dos passageiros. Depende muito de como cada pessoa é, né? Mas é bom pois conheço muitas pessoas diferentes e aprendo — conta o sorridente motorista logo após dar um desconto na passagem e se despedir.
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Já no segundo percurso, apesar da chuva e o trânsito da cidade, o motorista chegou rápido. O carro, também novo, era identificado, limpo e com ar-condicionado. O profissional também vestia camiseta da prefeitura e estava identificado. No trajeto, diferentemente da primeira experiência, o caminho foi alterado sem que a repórter fosse avisada. Durante a viagem, o motorista excedeu a velocidade permitida e realizou uma conversão proibida.
Questionado sobre o uso da Uber na capital, o motorista preferiu não ser polêmico ou começar uma conversa longa.
— A prefeitura vai cuidar deles. Parece que vão regularizar o trabalho para não ter confusão e assim ninguém se incomoda— disse o profissional ao encerrar o assunto.
Em fevereiro deste ano, 200 novos veículos foram credenciados por meio de um edital realizado pela Secretaria de Mobilidade Urbana. Nas duas corridas pelo Easy Taxi, os taxistas eram desta frota. A licença de ambos tem validade até fevereiro de 2018.
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Confira como foi o segundo trajeto e compare: