A implantação do binário na rua Tenente Antônio João nunca foi consenso. Quando a Prefeitura de Joinville anunciou a medida, comerciantes desconfiavam que isso pudesse impactar negativamente nas vendas. Agora, meses após a implantação, os mesmos comerciantes divergem sobre os resultados da alteração. Enquanto alguns reclamam que o movimento caiu, outros afirmam que a medida não trouxe nenhum problema em seus negócios.
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No dia 14 de agosto, o jornal ‘A Notícia‘ esteve no local para avaliar as condições da rua que passa pelo bairro Santo Antônio, na zona Norte de Joinville. Esta é a quinta reportagem da série Teste AN nas Ruas, publicada semanalmente na edição impressa e no www.an.com.br.
De acordo com Cristiano Amorin, gerente de uma panificadora situada na Tenente Antônio João, seu estabelecimento teve uma queda de 20% nas vendas desde que o binário foi implantado.
— Para a mobilidade, (a mudança) deve ter melhorado, mas para o comércio, piorou — afirmou.
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Juliana Ferrari, proprietária de um supermercado, também disse que sentiu um impacto negativo. Nas contas dela, houve queda entre 30% e 40% nas vendas.
— O trânsito melhorou, mas nenhum comércio prospera com mão única — disse.
Alexandre Marcelino, que trabalha em uma agropecuária localizada na esquina com a Dom Bosco, tem opinião diferente. Para ele, as vendas aumentaram 10% após a implantação do binário. Ele acredita que os impactos no comércio variam de acordo com a localização dos estabelecimentos.
— Algumas lojas estão localizadas em lugares em que há mais movimento de veículos — disse.
Diferentemente do que afirmou a maioria dos entrevistados, o lojista João Paulo destaca que há muitos acidentes no local. Isso acontece, segundo ele, porque há motoristas que dirigem em alta velocidade. Na Tenente Antônio João, as placas de sinalização indicam que o limite de velocidade é de 60 km/h. A Prefeitura de Joinville informou que não há intenção de ampliar a quantidade de redutores de velocidade – atualmente, há dois radares. João acredita que o trânsito melhorou após a implantação do binário.
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— O trânsito melhorou e as filas diminuíram. O problema é ter que dar uma volta enorme para ir a alguns lugares. Os clientes reclamam, mas faz parte do processo.
Alguns moradores também reclamaram da falta de placas indicativas, além de faixas de segurança com a pintura gasta. A Prefeitura informou que o Departamento de Trânsito (Detrans) está realizando o levantamento das ruas que precisam receber o reforço da sinalização viária. Está em andamento a licitação para a contratação da empresa que vai executar as obras e, assim que esse processo for finalizado, os trabalhos serão iniciados.
A maioria dos entrevistados concordou que a mobilidade melhorou na região. Esta é a mesma avaliação que a Prefeitura faz. Para o Executivo, a implantação do binário fez com que o trânsito fluísse na maior parte do dia. A lentidão, segundo a Prefeitura, é ¿pontual em horários de maior movimento, como início da manhã e final da tarde¿, e passou por melhorias que deram resultado. Não há previsão de alterações viárias no momento.
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Calçadas apresentam desgaste
Em 2016, a rua Tenente Antônio João passou por uma requalificação, o que incluiu a implantação de um novo sistema de drenagem, asfaltamento e implantação de ciclofaixa desde a rua General Câmara até a rotatória das universidades. A requalificação foi feita antes de a Prefeitura implantar o binário, que foi ativado em novembro do ano passado.
Toda a extensão da rua, de 2,6 km, conta com ciclofaixa. Mesmo com a via exclusiva para ciclistas, Valdir da Silva, de 60 anos, conta que se acidentou enquanto pedalava na ciclofaixa. Na tarde do dia 14 de agosto, quando a equipe de reportagem do ¿AN¿ esteve na rua, ele caminhava na calçada e contou que ainda está se recuperando do acidente que sofreu em junho deste ano. Ele foi atingido por um carro. Tem medo de voltar a pedalar, diz Valdir, que mora na rua Riachuelo, uma lateral da Tenente Antônio João.
A rua não tem vagas para estacionamento, apenas os particulares. Nas calçadas, há vários problemas, como buracos, desníveis e a ausência de piso tátil. As calçadas não são acessíveis para pessoas com deficiência. A Prefeitura afirmou que a obrigação da conservação da calçada é do proprietário do imóvel e que os moradores podem ajudar a denunciar o fato na Ouvidoria para que seja feita a fiscalização do local pela Secretaria do Meio Ambiente.
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A mesma orientação sobre denúncias foi dada em relação à situação da iluminação pública. Há vários fios soltos e misturados nos postes.
* Alex é estudante de jornalismo no Bom Jesus/Ielusc e faz estágio em ¿AN¿ desde março de 2016.