Cinco terrenos particulares do bairro Aventureiro, na zona Leste de Joinville, estão sendo ocupados e demarcados por cerca de 35 famílias que buscam construir moradias no local. A invasão dos lotes começou na sexta-feira passada, na rua Helena Casagrande Ramos, por famílias, em sua maioria, de baixa renda e que moram de aluguel, além de moradores de uma área de mangue do Rio do Ferro.
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Nesta segunda-feira, barracos de madeira e lona estavam sendo erguidos nos terrenos.Um deles está sendo feito por Gelson dos Santos, que participa do movimento com o sonho de erguer ali sua casa própria para viver com a mulher e os três filhos. Ele mora no mesmo bairro e gasta cerca de R$ 1 mil com aluguel.
– Somos pais de família, um grupo pacífico e não queremos confusão. Queremos apenas um lugar para morar e criar nossos filhos. Dois dos meus são alunos da Escola Municipal Prefeito Wittich Freitag, aqui da frente – explica ele.
A mesma motivação levou a família da recicladora Claudineia Ferreira, de 27 anos, a se mudar para um dos terrenos ocupados no final de semana. Ela e o marido Marcos pagam R$ 680 por mês em uma casa alugada na região e dizem não ter condições de pagar esse valor mensal e sustentar o casal e os dois filhos. A casa provisória já tem colchões e pertences da família.
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– Estou na fila do Minha Casa, Minha Vida há anos e nunca consegui. Se aqui tem dono, ainda não apareceu. Se não aparecer, a gente fica. Estamos dispostos a ficar mesmo sem luz e água. Precisamos fazer isso e batalhar para ter uma casa.
Desempregado e morando com o pai, Lorildo Padilha, 43 anos, veio da localidade do Morro do Meio para também tentar fixar moradia no local.
– Não fazemos parte do Movimento Sem Terra (MST) e nem pretendemos vender a parte que conseguirmos, se ganharmos o direito de ficar. Nossa intenção é ter uma moradia e, se tiver dono, vamos sair sem conflito – completa.
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Outra moradora do bairro, que não quis se identificar, disse que chegou a pensar na ideia de participar do movimento, mas desistiu. Ela e o marido decidiram não ocupar o local porque ficaram com medo de estarem cometendo uma ação irregular e terem seus empregos prejudicados.
Donos já negociam saída do local
Os terrenos invadidos têm cerca de 200 mil m² e pertencem à Imobiliária Zattar. De acordo com a proprietária dos lotes, Terezinha Zattar, a família foi informada da invasão pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema), no sábado, e está tentando negociar a desocupação do terreno de forma amigável por meio de advogados e funcionários.
Conforme ela, caso não haja acordo, a imobiliária pretende entrar na Justiça para reaver a posse do terreno.
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– Não podemos deixar isso prosperar. São terrenos particulares e que têm dono. Nós, inclusive, estamos planejando fazer estudos para viabilizar a construção de um loteamento naqueles terrenos. Por isso, precisamos resolver a situação de forma rápida e estamos conversando com eles – explica Terezinha.
A ocupação causou especulação nas proximidades da Escola Municipal Prefeito Wittich Freitag. Alguns pais de alunos entraram em contato com a instituição demonstrando preocupação com o movimento em frente ao colégio. A direção da unidade informou que as aulas seguem normalmente e que, em princípio, não há motivos para preocupação, uma vez que a ação mostra-se pacífica e não envolve terrenos pertencentes à escola.
A Guarda Municipal de Joinville esteve em frente à escola nesta segunda-feira. Conforme os agentes da Prefeitura, a ocupação estava ocorrendo de forma pacífica e eles estavam no local apenas para acompanhar a normalidade das atividades do colégio.
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O município não pode intervir na ocupação dos terrenos por se tratar de propriedades particulares. A Polícia Militar também esteve no local monitorando a situação, mas não efetuou ações relacionadas ao acampamento.