Um terremoto de 7,1 graus sacudiu o México nesta terça-feira, deixando ao menos 147 mortos e dezenas de desaparecidos, enquanto prosseguem os trabalhos de resgate em vários prédios que desabaram, exatamente no 32º aniversário do tremor que destruiu a capital federal.

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Os mortos são “49 confirmados pelas autoridades da Cidade do México, 32 em Puebla, 55 em Morelos, nove no Estado do México, e um em Guerrero. No total são 147” óbitos, disse à rede Televisa Luis Felipe Puente, diretor-geral da Defesa Civil.

Entre os mortos na capital federal estão “21 crianças e quatro adultos” no desabamento da escola primária Enrique Rebsamen, onde 20 alunos seguem desaparecidos.

Puente advertiu que há muitos relatos de pessoas desaparecidas, o que deve aumentar o número de mortos nas próximas horas, especialmente em prédios que desabaram na zona sul e no corredor Roma-Condesa, um bairro elegante onde moram vários estrangeiros, na capital.

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Segundo a Prefeitura da Cidade do México, são pelo menos 49 os prédios que desabaram nas zonas do centro e do sul da capital.

O sismo ocorreu no dia em que se completam 32 anos do terremoto de 8,1 graus que deixou mais de 10.000 mortos em 1985 e reduziu a ruínas amplos setores da capital.

“Não é possível que tenha sido também em 19 de setembro!” – disse à AFP entre soluços Amalia Sánchez, secretária de 45 anos.

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O presidente Enrique Peña Nieto, que estava fora da Cidade do México, voltou à capital para coordenar os trabalhos de resgate.

O presidente percorreu as zonas afetadas e visitou os escombros de uma escola que desabou na capital e onde há várias crianças desaparecidas.

“Veem-se imagens de desabamentos, de vários prédios colapsados (…) Tememos uma emergência na Cidade do México”, disse o presidente pouco antes de aterrissar em um aeroporto militar da capital.

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O aeroporto internacional da Cidade do México suspendeu as operações durante três horas.

O sismo desta terça-feira ocorreu às 13h14 locais (15h14 de Brasília). O epicentro localizou-se entre os estados de Puebla e Morelos, perto da capital.

– Edifícios desabam –

Assim como em 1985, dezenas de civis se transformaram em socorristas improvisados para buscar sobreviventes entre os escombros, em meio a aplausos quando conseguiam tirar uma pessoa com vida.

Na zona de Roma-Condesa, popular com seus bares e restaurantes, também desabou uma escola, que esmagou ao menos dois carros.

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“Chegamos ao colégio e todo mundo [estava] chorando, todo mundo [ficou] desesperado e as crianças [ficaram] agarradas a uma corda”, contou à AFP Jorge López, de 49 anos, que estava com os filhos de 6 e 3 anos.

O acúmulo de pessoas nas ruas e o corte de eletricidade, que deixou sem funcionar os sinais de trânsito, provocam um caos no tráfego do centro.

Em uma primeira reação, o presidente americano, Donald Trump, que está em Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU, expressou apoio ao vizinho do sul, em cuja fronteira prometeu construir um muro separando os dois países, uma de suas mais controversas promessas de campanha.

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“Que Deus abençoe o povo do México. Estamos com vocês e vamos ajudá-los”, escreveu em sua conta no Twitter.

Enquanto isso, funcionários da Defesa Civil advertiam a população para o risco de vazamento de gás.

“Não fumem! Há vazamentos de gás!”, gritavam os socorristas, enquanto corriam pelas ruas na região de Roma Norte.

– Itamaraty não registra brasileiros entre vítimas –

O governo brasileiro recebeu, com profunda consternação, a notícia de que o México voltou a ser atingido por um violento terremoto, e transmitiu suas condolências às famílias das vítimas, expressando sua solidariedade ao povo e ao governo mexicanos.

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Segundo Brasília, não há, até o momento, registro de brasileiros entre as vítimas, mas o Itamaraty seguirá acompanhando a situação, por meio do Consulado-Geral do Brasil no México e da Divisão de Assistência Consular (DAC).

Para casos de urgência, o telefone de plantão do Consulado-Geral do Brasil no México é +52 (155) 3455-3991.

O Núcleo de Assistência a Brasileiros do Itamaraty, em Brasília, poderá ser acionado pelo e-mail dac@itamaraty.gov.br e, também, pelos telefones +55 61 2030 8803/8804 (das 8h às 20h) e + 55 61-98197-2284 (Plantão Consular, das 20h às 8h).

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– O pesadelo de 1985 se repete –

“Estou consternada, não consigo conter o choro, é o mesmo pesadelo de 1985”, disse à AFP, entre lágrimas, Georgina Sánchez, de 52 anos, em uma praça da Cidade do México.

Na manhã desta terça-feira, as autoridades haviam feito uma simulação de terremoto e, como ocorre todo ano, foi lembrada a tragédia de 19 de setembro de 1985.

“Estava caminhando pela (rua) Colima e as janelas começaram a se mexer. Vi as pessoas correndo, começaram a gritar. Ficou muito feio. Não queria me aproximar de nenhuma árvore. Tive que me jogar no chão”, contou Leiza Visaj Herrera, de 27 anos.

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“Foi bastante forte. Os edifícios começaram a se mexer. As pessoas estão muito nervosas. Vi uma senhora que desmaiou”, contou Alfredo Aguilar, de 43 anos.

A Cidade do México conta com um sistema de alertas que se ativa um minuto antes do sismo, mas jornalistas da AFP disseram que desta vez o alerta só foi ouvido no mesmo momento em que se sentiu o tremor.

Em 7 de setembro passado, um terremoto de magnitude 8,1, o mais forte em um século no México, deixou 96 mortos e mais de 200 feridos no sul do país, especialmente nos estados de Oaxaca e Chiapas.

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* AFP