O Terminal Portuário Santa Catarina (Tesc) vai investir, no biênio 2014-2015, R$ 150 milhões na ampliação e modernização de atividades. O porto privado, em São Francisco do Sul, movimentou 4 milhões de toneladas no ano passado. Projeta crescimento de 15% em 2014. Uma das apostas é nos negócios de cabotagem, setor que cresce 20% ao ano, conta o superintendente Roberto Lunardelli.

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Formado em administração de empresas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Lunardelli fez pós-gradução na Fundação Getúlio Vargas. Atuou em empresas dos ramos de mineração e construção pesada. Ele está há nove anos no Tesc. Ocupou o cargo de diretor financeiro antes de assumir a superintendência, no ano passado.

SÓCIOS

– O Terminal Portuário Santa Catarina surgiu em 1996 como terminal arrendado, entrando em operação em 2001. Os atuais sócios são a Portonovo (empresários de São Francisco do Sul, com metade do negócio) e o fundo de investimentos Logz, que detém os outros 50%. Entre 2006 e 2010, foram investidos R$ 160 milhões, ao tempo em que o grupo espanhol Dragados tinha metade da sociedade. Em 2010, a Logz comprou a fatia da Dragados.

MÚLTIPLO USO

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– O terminal é de múltiplo uso (importação de grãos, movimentação de produtos siderúrgicos e de contêineres). A movimentação de contêineres deve aumentar 25% neste ano na comparação com 2013. Apostamos na cabotagem, em trajetos dentro do Brasil, até Buenos Aires. É um segmento que cresce 20% ao ano. Fazemos operações de movimentação de cimento para cliente direcionado ao mercado da região Nordeste. Também atendemos cargas especiais para fábrica de fertilizantes, em Sete Lagoas (MG).

MAIS INVESTIMENTOS

– Está no nosso radar aumentar a movimentação de cargas conteinerizadas e manter o volume de produtos siderúrgicos. Planejamos investir R$ 150 milhões no biênio 2014-2015. Os investimentos dependem de autorização e aprovação da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq) e órgãos ambientais.Vamos captar recursos junto ao mercado. O Tesc pode aumentar o espaço físico em mais 19 mil m². Hoje, o terminal ocupa 67 mil m². Fora da área do porto, temos outros 120 mil m² para atividades retroportuárias.

COMPETIÇÃO

– A competição sempre faz bem. Um dos novos portos a surgir em São Francisco do Sul será o Terminal de Grãos Santa Catarina (TGSC). Este empreendimento está em fase final de licenciamento. Outro, ainda em fase de projeto, poderá ter sócio-investidor de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

COMPLEXO

– O surgimento de um complexo portuário da Baía da Babitonga é viável, sim. Há dificuldades comuns aos portos de Itapoá e São Francisco do Sul. O grande problema é o acesso ao canal. O calado deve ser aprofundado. Isto será bom para todos. Há indústrias que virão para Araquari e Garuva por conta da infraestrutura portuária.

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ZONA INDUSTRIAL

– É importante que a Prefeitura de São Francisco do Sul aumente sua zona industrial. A impressão que tenho é que Araquari e Garuva já evoluíram mais nesse sentido.

INSEGURANÇA JURÍDICA

– Identifico insegurança jurídica em relação a novos investimentos em processos relacionados a terminais sob arrendamento. Especialmente na questão de renovação de contratos. O tema está nas mãos da Secretaria Especial de Portos.

COMPETIÇÃO

– A competição mais forte se dá no segmento de contêineres, principalmente com o Porto Itapoá. De um modo geral, os portos catarinenses são bem competitivos nacionalmente. A lembrar dos benefícios fiscais concedidos pelo governo do Estado naquilo que se chamou de “guerra dos portos”. Na atividade de grãos, somos mais competitivos do que o porto público.

VOLUMES

– O Tesc movimentou, no total, 4 milhões de toneladas de mercadorias no ano passado. Para 2014, esperamos crescer 15%. Planejamos aumentar em 25% no contêiner; 10% em itens a granel; e 8% nos produtos siderúrgicos. Entre nossos principais clientes estão ArcelorMittal, Mitsui, ADM e Bunge.

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FISCAIS

– Em São Francisco do Sul, não temos problemas com relação à Receita Federal. Mas só há dois fiscais da Anvisa e dois do Ministério da Agricultura. Eles têm de se dividir no atendimento aos portos de Itapoá e São Francisco do Sul. Fomos, junto com dirigentes de outros portos, a Brasília para pedir mais profissionais. No caso da Anvisa, temos o mesmo atendimento que havia em 2004. Claro que a demanda subiu muito nestes dez anos.

NOVOS PORTOS

– Estão mapeados investimentos privados em novos terminais em São Francisco do Sul e região. Virão para complementar e solidificar a região portuária. Não há dúvida de que os portos continuam sendo um gargalo na infraestrutura.

CONTRATO

– Há expectativa por um novo marco regulatório. No caso do Tesc, o contrato começou a valer em 1996 e é válido por 25 anos, prorrogáveis por igual período.