O nitrato de amônia que entrou em combustão, provocou uma coluna de fumaça por quase 60 horas e chamou a atenção do Brasil por três dias estava só de passagem por Santa Catarina. O composto químico usado na indústria de fertilizantes e estava armazenado havia 15 dias em um depósito da empresa Global Logística, em São Francisco do Sul.

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O produto vindo da Ásia responsável por criar a nuvem tóxica, seguiria para Minas Gerais, mas acabou criando um cenário de medo e dúvida após o incêndio químico na cidade histórica, que concentra 76,8% da capacidade de estoque desse tipo de matéria-prima em todo o Estado. Por isso São Chico é considerado o principal polo catarinense do setor, uma vez que industrializa os fertilizantes das fábricas catarinenses.

A liderança de São Francisco do Sul no setor também se comprova em outro ponto: a maior empresa do ramo tem sede na cidade, que processa os fertilizantes de quatro das seis marcas existentes no Estado, afirma André Luiz Rabello Vallim, fiscal federal agropecuário da Superintendência do Ministério da Agricultura. Mas a fábrica não usa nitrato de amônia.

O fiscal do Ministério da Agricultura conta que é comum a importação de grandes carregamentos, como as 10 mil toneladas que entraram em combustão no depósito. E nesse cenário, o uso de armazéns de empresas de logística é normal no ramo, porque muitas vezes as indústrias de fertilizantes aproveitam a cotação do dólar ou o preço mais baixo para estocar a matéria-prima. Vallim reforça, no entanto, que as empresas da área no Estado não utilizam nitrato de amônia como base de seus produtos e os sete compostos químicos mais empregados pela setor não ofereceriam risco de explosão, oxidação e nem seriam inflamáveis.

E nem todo o nitrato de amônia é aplicado na indústria de fertilizantes. Ele também é empregado para fazer tintas, vernizes, como conservante no ramo de alimentação, em fogos de artifício, explosivos e até em combustível para foguetes.

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– Não se faz pólvora sem nitrato de amônia, por isso a importação do produto é controlada pelo Exército e pela Polícia Federal.

Fiscal sugere mais rigor dos órgãos responsáveis

Santa Catarina conta hoje com 40 empresas de fertilizantes, mas somente seis misturam a matéria-prima. Metade do total trabalha com esterco de aves e as restantes com base de gesso agrícola, calcário ou ingredientes químicos diluídos, o que não ofereceria risco maior. Mesmo com poucas empresas do setor e um parque industrial entre os menores do país, cuja capacidade instalada total se equipara ao volume de fábricas presentes no entorno do Porto de Paranaguá (PR), Vallim pede mais prudência.

Ele sugere que as prefeituras das cinco cidades com armazéns – além de São Francisco, Imbituba, Araquari, Mafra e Joaçaba – verifiquem o zoneamento urbano e industrial para evitar que os produtos fiquem próximos de áreas residenciais. Os bombeiros, por outro lado, precisam ter procedimentos para impedir problemas como o ocorrido na terça-feira.