João B. Calixto, professor titular de Farmacologia da UFSC, pesquisador Nível IA do CNPq e membro titular da Academia Brasileira de Ciências, será o coordenador do Centro de Farmacologia Pré-clínica.
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Ele já orientou mais de 80 estudantes de pós-graduação (mestrado, doutorado e pós-doutorado) e possui mais de 400 artigos publicados em revistas internacionais que foram citados mais de 8.500 vezes. Está se aposentando na universidade e vai se dedicar integralmente à administração do novo centro de pesquisa e inovação tecnológica.
Confira a entrevista:
Diário Catarinense – O que significa para o país um investimento desse porte?Professor João Batista Calixto – Apesar de ter uma ciência de qualidade reconhecida internacionalmente e possuir um dos 10 maiores mercados de medicamentos do mundo (cerca de R$ 42 bilhões em 2012), o Brasil depende quase que totalmente da importação de medicamentos e insumos farmacêuticos. Isso causa um déficit crescente na balança comercial brasileira, que atingiu em 2012, cerca de R$ 14 bilhões.
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DC – Temos outros motivos?
Professor Calixto – Sim. O abastecimento de medicamentos essenciais é uma questão muito sensível para qualquer país, sendo considerado como sendo uma questão de segurança nacional. Sem contar que uma parcela muito grande da população brasileira ainda não tem condições financeiras de comprar seus próprios medicamentos, sendo assistida pelo governo, pelo SUS.
DC – Quais as razões da escolha por Florianópolis?
Professor Calixto – O nosso grupo de pesquisa criado no Departamento de Farmacologia da UFSC há mais de 30 anos vem nos últimos 20 anos desenvolvendo uma estreita parceria com as indústrias farmacêuticas nacionais e internacionais.
DC – Esse trabalho tem dado resultados positivos?
Professor Calixto – Sim. Tivemos a oportunidade de participar do desenvolvimento do primeiro medicamento desenvolvido no Brasil que é analgésico e anti-inflamatório, o Acheflan, do ansiolítico Syntocalm e de um produto cosmecêutico denominado flavonoides de Passiflora. Além desses produtos já no mercado, nosso grupo participou de outros projetos de inovação em medicamentos, cujas as pesquisas estão em fase avançadas de estudos clínicos, como um produto para tratar câncer, um analgésico, um antidiarreico e outro para tratar doenças metabólicas.
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DC – Não existem métodos alternativos, que não sejam com base na vida de animal, para desenvolver novos medicamentos?
Professor Calixto – Esse é o grande desafio que os cientistas de todo o mundo vêm tentando solucionar nas últimas décadas. Apesar de muitos esforços e do gasto de bilhões de dólares em pesquisa, os avanços obtidos, até o momento, são infelizmente modestos.
DC – Como serão os estudos realizados ?
Professor Calixto – Os estudos sobre o desenvolvimento de novos medicamentos serão auditados por organismos regulatórios internacionais e obedecerão rigorosamente aos mesmos critérios de qualidade, segurança, rastreabilidade para que possam ser aceitos mundialmente, além de um comitê de ética em pesquisa próprio.
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