Na última quarta, o artista plástico Tércio da Gama foi o convidado do projeto Gerações do Masc para falar da geração da década de 60 no campo das artes visuais em Santa Catarina. Um dos criadores do Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis em 1958 e fundador da primeira galeria de arte do Estado, a Baú, em 1961, ele contou histórias deliciosas sobre alguns personagens da época, como estas três envolvendo o amigo – e colega de pincéis – Meyer Filho (1919-1991):
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Funcionário do Banco do Brasil, certo dia Meyer Filho desenhou 35 galos (um dos seus temas prediletos) durante o expediente. Seu chefe, então, decidiu transferi-lo para um setor que não tivesse canetas. Mas o artista continuou desenhando, só que com máquina de escrever. Nova mudança, desta vez para uma função em que precisava apenas carimbar. Pois ele não se deu por vencido e passou a fazer os galos com carimbos.
Uma equipe de TV chegou à exposição dos pintores de Florianópolis no Rio de Janeiro para fazer uma reportagem. Meyer Filho puxava o cinegrafista pelo braço e apontava para o que devia ser filmado:
– Olhe esses galos, que maravilhosos! – dizia, sem revelar que as tais maravilhas eram dele.
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Quando Picasso morreu, em abril de 1973, Meyer Filho ficou ressabiado. Afinal, no ano anterior o mundo das artes havia perdido Portinari. Ainda sob o impacto da triste notícia, ele chegou no Ponto Chic, onde o grupo de artistas costumava se encontrar para jogar conversa fora no Centro de Florianópolis e, bradou:
– Os gênios da pintura estão todos morrendo, preciso me cuidar!