Pelo terceiro dia seguido, cidades de Santa Catarina lidam com os transtornos relacionados às chuvas intensas que atingem o Estado. As ocorrências até esta quarta-feira (4) envolvem deslizamentos, alagamentos, enchentes, inundações, famílias desabrigadas, desalojadas e até mortes.

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O mau tempo é causado por um ciclone extratropical, que agora, já formado no Sul do país, passa a gerar também fortes ventanias e maior agitação no mar

Municípios catarinenses terão que enfrentar rajadas de vento com velocidade de até 80 km/h — em especial os do Litoral Sul, da Grande Florianópolis e da Serra, que já acumulam maior volume de precipitação até aqui.

Veja os impactos do fenômeno metereológico nas diferentes regiões de Santa Catarina.

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Litoral Sul

A Defesa Civil mantém situação de alerta, de nível vermelho, para o Litoral Sul na manhã desta quarta, por conta do volume de chuvas, com risco alto para ocorrências associadas. A classificação é a mesma no que se refere ao risco de inundações. Em relação às rajadas de vento, é sinalizada atenção, da cor laranja, pelo órgão.

Em Tubarão, a Prefeitura local, sob gestão Joares Ponticelli (PP), decretou situação de emergência, o que permite deslocar funcionários e realizar compras com dispensa de licitação para minimizar os estragos.

O comércio e atividades não essenciais estarão suspensas a partir do meio-dia devido ao risco de novos alagamentos com a expectativa de transbordamento do Rio Tubarão, que corta a cidade. A rede pública de educação tem aulas suspensas e algumas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) estão fechadas.

O município já tem cerca de 60 pessoas desalojadas, que foram removidas de áreas de risco. Elas foram deslocadas para casas de familiares e equipamentos públicos da prefeitura. Também foram disponibilizados outros locais para isso, como igrejas.

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Há alagamentos em diversas regiões. Em uma via próxima ao rio, um morador foi visto circulando de caiaque durante a manhã. Ele atravessava a rua Padre Geraldo Spettmann, uma das principais da cidade e que serve de entrada ao município, ligando uma via paralela à rodovia BR-101 à região central. Ela também abriga a rodoviária local.

Alguns bairros também sofrem com quedas de energia. O município de Tubarão é atendido pela Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), que, em seu núcleo Sul, também identificou problemas em Laguna, Jaguaruna e Garopaba.

Em Criciúma, são atendidas ocorrências em todas as partes do município, mas com maior atenção ao bairro Sangão, cortado por um rio que chegou a transbordar. Não houve, no entanto, dano material de grande proporção por conta disso, nem vítimas fatais em meio às chuvas, segundo o coordenador da Defesa Civil criciumense, Fred Gomes.

— O nível dos rios está dentro do risco aceitável. A gente faz esse monitoramento a cada duas horas, ou mesmo de hora em hora, dependendo do ponto da cidade. E hoje a chuva deve ser menor, temos uma previsão de 50 milímetros — disse.

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Ainda segundo ele, o município teve quedas de muros e de postes, entre outros estragos. Além disso, duas famílias precisaram ser resgatadas por estarem ilhadas em meio a alagamentos e agora estão abrigadas em residências de parentes.

Também na região, Orleans, onde uma escola ficou com parte de sua estrutura exposta no dia anterior, e Rio Fortuna ganharam alerta máximo para deslizamentos, o mais alto na escala de risco da Defesa Civil.

Em Pedras Grandes, município vizinho, o km 462 da rodovia SC-370 precisou passar por limpeza após ser tomado de lama. Já em Braço do Norte, há risco de circulação em uma ponte que tem rumo a Grão-Pará, devido ao nível do rio que passa pela cidade — os dois municípios também estão com risco máximo de deslizamentos.

Ainda em Braço do Norte, foi identificado problema de abastacimento pela Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), tal como em Lauro Müller.

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Planalto Sul

A região do Planalto Sul, em especial na parte que integra a Serra catarinense, iniciou o dia com situação de alerta por conta das chuvas. Na rodovia SC-110, em trecho que liga Urubici a São Joaquim, uma parte da pista está cedendo, à beira de um barranco, conforme comunicou a Polícia Militar Rodoviária (PMRv).

Foram identificados problemas ainda em ao menos outros cinco trechos de rodovias na região serrana. Na SC-390, em Bom Jardim da Serra, uma rachadura na posta acabou ampliada no km 383. Já na Serra do Corvo Branco, houve queda de barreira e deslocamento de rochas, com risco ainda de novos deslizamentos.

Em Lages, o nível do Rio Carahá tinha estado crítico já na manhã desta quarta. Na medição em uma estação no bairro Caça e Tiro, a água estava em 4.77 metros, com alto risco de transbordamento.

Grande Florianópolis

A Grande Florianópolis foi outra região que iniciou o dia em situação de alerta pela chuva e pelo risco de inundações. Na capital catarinense, já havia 235 milímetros de precipitação acumulada de segunda (2) à manhã desta quarta, volume equivalente a quase três vezes do que era esperado para o mês de maio, de 80 mm, segundo a Epagri/Ciram.

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Florianópolis segue com alagamentos nas ruas. Há ainda problema de abastecimento de água na região da Agronômica, em especial na comunidade do Morro do Céu, devido a um vazamento oculto, segundo a Casan. A companhia também faz reparos nos municípios de Santo Amaro e Águas Mornas, que só devem ter situação normalizada nesta quinta (5).

Ainda na região, a Celesc identificou quedas de postes em Palhoça, Angelina e Nova Trento, o que afetou o fornecimento de energia ao menos nestes dois últimos municípios.

Litoral Norte

A maior parte do Litoral Norte está em situação de observação pela Defesa Civil, em nível mais recuado, o amarelo, mas, ainda assim, enfrenta problemas associados às chuvas. Jaraguá do Sul e São Francisco do Sul, por exemplo, tinham risco muito alto e alto, respectivamente, para deslizamentos pouco antes de meio-dia.

Joinville registrou cheias, queda de árvore e grande volume de chuva entre a noite de terça (3) e a manhã seguinte. O ponto mais crítico, de acordo com a Defesa Civil local, é um alagamento registrado no final da Estrada Arataca, no acesso ao bairro São Marcos, que impede a circulação de veículos por ali.

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Uma vistoria foi feita ainda na manhã desta quarta no local, em uma região baixa da bacia do Rio Águas Vermelhas. Tradicionalmente, quando ocorrem períodos como esse de chuva, o trecho fica alagado, segundo a Defesa Civil.

Até o momento, no entanto, a água não invadiu as casas e também não há nenhuma família isolada. O município orienta que moradores da região que precisam sair do bairro desviem pelo Morro do Meio.

Meio-Oeste

No Meio-Oeste, sob estado de atenção pela Defesa Civil, o nível laranja, o volume de precipitação acumulado até aqui é menor se comparado à porção de Santa Catarina mais próxima ao litoral. No entanto, a região também segue registrando estragos pelas chuvas.

Na rodovia SC-453, em trecho que vai de Luzerna a Ibacaré, no km 60, há interdição total da via por causa do nível de água do Rio do Peixe, que transbordou para a pista. Também houve bloqueios em trechos da SC-464, de Arroio Trinta para Iomerê, e da SC-135, em Pinheiro Preto, por alagamento e queda de barreira, respectivamente.

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Em Curitibanos, a queda de uma barreira na rodovia SC-120 deixou um motorista gravemente ferido já na noite desta terça, com destroços de árvores espalhados no Km 237. O acidente ainda deixou o condutor de uma moto com uma fratura na perna.

Vale do Itajaí

As três áreas que compõem o Vale do Itajaí estão em situação de alerta para inundações. O município de Rio do Sul entrou em situação de enchente na madrugada desta quarta. O nível do Itajaí-Açu na maior cidade do Alto Vale passou dos 7 metros à meia-noite e, durante a manhã, passou de 8 metros.

Com tendência de alta desde a tarde de terça, o município já havia feito um alerta à população no início da noite para que estivesse preparada para a cheia. Com o nível do rio acima de 8 metros, mais de 100 ruas já são afetadas, segundo um relatório local.

A cidade tem até então 87 pessoas em abrigos, sendo cerca de 30 famílias. A rede de educação local orienta que os pais mantenham os filhos em casa se possível, apesar de ter unidades abertas, com equipes reduzidas. Unidades do saúde dos bairros Budag, Canoas e Barragem estarão fechadas.

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Também em Rio do Sul, o trânsito seguia interrompido no km 360 da rodovia SC-350, que vai para Aurora, devido ao alagamento da pista ao menos até as 13h desta quarta, segundo a PMRv. Há um desvio pela Serra Taboão, que não suporta, no entanto, circulação de caminhões pesados.

Já em Blumenau, no Médio Vale, o nível do mesmo Rio Itajaí-Açu deve atingir 8 metros ao meio-dia desta quarta, segundo previsão repassada pelo secretário Municipal de Defesa Civil, Carlos Olimpio Menestrina, ao Santa. Se confirmada, a cheia irá configurar uma nova enchente na cidade. Com isso, ao menos cinco ruas próximas terão pontos de alagamento.

Em Pomerode, município vizinho, um ônibus escolar teve uma pane mecânica ao passar por um trecho alagado da rua dos Atiradores. As crianças que estavam a caminho da escola precisaram ser resgatadas pelos Bombeiros Voluntários em um bote inflável.

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