O vão central da Ponte Hercílio Luz será elevado pela terceira vez nesta semana na noite desta quinta-feira, em Florianópolis. O processo faz parte da etapa conhecida como transferência de carga, em que a estrutura ficará totalmente apoiada sobre as quatro bases provisórias instaladas sob o mar. As 4,4 mil toneladas da estrutura serão totalmente transferidas até o começo da madrugada de sábado, quando ocorrerá a última parte dessa operação iniciada na segunda-feira à noite.

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O Departamento de Infraestrutura do Estado (Deinfra) fará uma consulta à Defesa Civil, às 21h30min desta quinta, sobre as condições climáticas pouco antes de iniciar o processo, marcado para as 23h. Há possibilidade de ventos que cheguem aos 40 km/h no momento da operação. Caso isso se confirme, é possível fazer o procedimento, mas se o vento aumentar os técnicos devem aguardar até que a condição melhore.

Até agora, com os trabalhos feitos na segunda e terça-feira, o vão central foi erguido em 19,7 centímetros. No primeiro dia foram 8,7 e no segundo mais 11. Nesta quinta e sexta serão mais 10 cada. Em fevereiro, na primeira fase, os técnicos levantaram 13 centímetros da estrutura. Para o atual processo, estão sendo usados 54 macacos hidráulicos. Eles são acionados por centrais instaladas sobre a ponte. O controle do comportamento das peças ocorre na cabeceira insular, onde fica computadores e técnicos da Teixeira Duarte, responsável pela obra, e da RMG, empresa fiscalizadora da restauração. A quarta e última fase da transferência está marcada para iniciar na noite desta sexta-feira, a partir das 23h.

Nos quatro dias, é colocado em prática um plano de contingência desenhado pela Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e outros órgãos do Estado e do município. As ações de cada entidade são colocadas em prática conforme o nível de segurança da estrutura.

Central de monitoramento das peças durante a transferência de carga
Central de monitoramento das peças durante a transferência de carga (Foto: Leo Munhoz / Diário Catarinense)

Próximos passos da obra

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Com a conclusão da transferência de carga no final de semana, na segunda quinzena de outubro inicia a retirada dos pendurais, barras verticais do vão central usadas para suportar as barras de olhal. O trabalho vai se estender até o começo de novembro e fará as duas torres cederem entre 7 e 9 centímetros cada uma. Para isso, oito cabos de estaiamento foram instalados. Eles vão segurar as torres durante as retiradas das peças. Em três semanas, apontam os engenheiros da Teixeira Duarte, essa etapa estará pronta.

Será a vez, então, a partir de novembro, de usar novamente macacos hidráulicos. Eles vão levantar as barras de olhal em 70 centímetros cada. Assim, explica Diotallevy, não haverá mais tensão entre elas, o que possibilitará retirá-las sem acidentes. Serão 360 barras de 1,8 mil toneladas cada substituídas. Isso deve ocorrer em duas etapas até fevereiro de 2018 para que comecem os preparativos da colocação das novas peças, a partir de junho.

Um dos 54 macacos hidráulicos que levantou a ponte; ao lado estão os calços usados para manter a estrutura erguida com segurança
Um dos 54 macacos hidráulicos que levantou a ponte; ao lado estão os calços usados para manter a estrutura erguida com segurança (Foto: Leo Munhoz / Diário Catarinense)

Transferência de carga era projetada desde 1984

A primeira interdição da Ponte Hercílio Luz, em 1982, ocorreu pelo problema em uma barra de olhal. A peça serve para manter o vão central içado, além de dar as famosas curvas arquitetônicas do cartão-postal. Desde então o Estado avalia como recuperar a estrutura. O engenheiro alemão Jurn Mertens, engenheiro da RMG e projetista da atual reforma, recorda que em 1984 começou a ser desenhada a transferência de carga para a troca da barra.

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Por falta de recursos, no entanto, o governo não levou a ideia adiante. O projeto de recuperação voltou à pauta com força a partir de 2010, com a contratação da empresa Espaço Aberto. A proposta dos empreiteiros previa uma transferência de carga diferente da que está sendo feita atualmente, explica Mertens. Ela seria feita por cabos na estrutura superior para posterior macaqueamento das barras de olhal.

— O projeto que ganhou a licitação foi uma transferência com cabos, não tinha estrutura inferior como o atual. Nunca concordamos com isso. Desde o começo tínhamos a ideia de fazer o suporte inferior, que seria uma alternativa bem mais segura, mais previsível, não teria situações que ficavam no ar — revela.

A Espaço Aberto, então, decidiu mudar o projeto e prever a construção das quatro bases de sustentação inferiores. Elas foram iniciadas pela empresa, mas concluídas pelos portugueses da Teixeira Duarte, contratadas emergencialmente sem licitação duas vezes. A primeira para terminar as bases e segunda para a efetiva reforma da estrutura.

Mertens esteve na etapa da ponte desta segunda-feira. O alemão preferiu não classificar nenhuma das fases como a mais crítica. Segundo ele, “todas têm sua importância e foram bem planejadas e estudadas”.

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