A literatura mundial também trata da sucessão papal e pelo menos um deles remete a uma situação semelhante a que a Igreja Católica vive hoje, com um papa renunciando ao cargo.

Continua depois da publicidade

Eu me lembrei do romances de Morris West Fantoches de Deus, dos anos 1970. O prólogo diz:

“No sétimo ano de seu reinado, dois dias antes de completar 65 anos, na presença de um consistório pleno de cardeais, Jean Marie Barette, Papa Gregório XVII, assinou um instrumento de abdicação, tirou o anel do Pescador, entregou o sinete ao Cardeal Camerlengo e fez um curto discurso de despedida:

– Chegou o momento, meus irmãos! Está feito o que pediram. Tenho certeza de que poderão explicar tudo da melhor forma possível à Igreja e ao mundo. Espero que elejam um bom homem. Deus sabe que vão precisar!

No livro, três horas depois, acompanhado por um coronel da Guarda Suíça, ele se apresentou no Mosteiro de Monte Cassino e se colocou sob a obediência do abade. O Camerlengo deixou escapar um longo suspiro de alívio e iniciou as formalidades de proclamar que o Trono de Pedro estava vago e seria realizada uma eleição o mais depressa possível.”

Continua depois da publicidade

O papa aposentado se torna contador de histórias para crianças desde seu exílio diante de um mundo em risco de guerra nuclear.

Jaci Rocha Gonçalves tem 63 anos, é padre, teólogo, filósofo, estudou comunicação no Vaticano e é professor da Unisul.