"Só há poucos meses ela soube o que era ser feliz." Assim resume a irmã de Cristini de Jesus dos Passos, 24 anos, morta a mando do marido em Imbituba, no Sul de Santa Catarina. A família busca forças para seguir, já que Cristini deixou dois filhos, de cinco e sete anos. O crime aconteceu em abril e o corpo, incendiado, foi encontrado no mês passado. Nesta terça-feira foram cumpridos seis mandados de prisão pelo assassinato.
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De acordo com a Polícia Civil, o marido, recluso na Penitenciária Sul de Criciúma por tráfico de drogas, foi o mandante do crime. O irmão dele, que está foragido, teria planejado a morte de Cristini e recebido a ajuda de mais cinco pessoas para a execução. Os sete irão responder por homicídio quadruplamente qualificado, segundo o delegado Juliano Baesso, responsável pelo inquérito policial.
Na última vez que visitou o marido na prisão, Cristini terminou o relacionamento. Eles estavam juntos há mais de oito anos e o preso é pai das crianças. O homem não aceitava o término da relação, e mesmo quando estava solto já demonstrava sinais de agressividade.
A irmã da vítima, Gizele Passos, 26, conta que era comum ver Cristini com hematomas pelo corpo. Foram diversas tentativas de terminar a relação ao longo dos anos, mas a irmã acabava cedendo e voltava. A vida não era fácil já que ele não trabalhava, e por isso a família de Cristini era quem dava suporte.
— Ele ter coragem de fazer isso com a mãe dos filhos dele, a mulher que cuidou da mãe dele no hospital, com um tumor na cabeça. Cuidou dela até a morte enquanto a família nem dava importância. Ela tentou separar várias vezes, mas voltava. É muita dor e revolta — comenta Gizele.
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O restante da família ficou sabendo do desdobramento do caso nesta terça-feira. Porém Gizele acompanhava as investigações de perto e sabia do encontro do cadáver no último dia 15. As crianças estão na casa da avó materna, e recebem cuidados também dos tios e tias.
— Sempre foi muito alegre, feliz, ajudando todo mundo principalmente nossa mãe. Vaidosa sempre, só há poucos meses soube o que era ser feliz. Sair, se divertir, mas não teve muito tempo para aproveitar — lamentou.
Inquérito próximo da conclusão
Para o delegado Juliano Baesso, o inquérito está praticamente encerrado, e deve ser concluído no máximo na semana que vem. Ele não deve aguardar os laudos do Instituto Geral de Perícias (IGP) sobre a identificação da ossada encontrada, já que a localização dos restos mortais foi apontada pelos próprios envolvidos no crime.
— Já há elementos suficientes para o indiciamento dos sete que tiveram a prisão decretada. Tem o foragido ainda, e a princípio não tem nenhum outro envolvido diretamente no crime — explicou.
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Uma outra pessoa, que ajudou na limpeza da casa após o crime, não será indiciada por homicídio, somente por fraude processual, por ter alterado a cena para dificultar o trabalho da polícia. Esse oitavo envolvido também colaborou com as investigações, e por isso não foi necessário o pedido de prisão dele, segundo o delegado.
Homicídio quadruplamente qualificado
A primeira qualificadora é o motivo fútil, pois o marido teria encomendado a morte por ciúmes da esposa. As demais pelo crime cometido por meio cruel ou tortura, também pela premeditação e dissimulação, e a quarta qualificadora por feminicídio. Quatro homens e três mulheres são os suspeitos da morte.