A greve dos agentes prisionais aumenta a tensão nas cadeias do Estado. A Secretaria da Justiça e Cidadania admite preocupação e monta um plano de ação emergencial. As polícias também intensificaram o monitoramento para identificar possíveis delitos orquestrados das prisões para às ruas.
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Há duas semanas, os detentos estão sem o horário de banho de sol. Ficam o tempo todo nas celas. Também estão sem visitas de advogados ou familiares. Não estão recebendo ainda o repasse de objetos pessoais com o dinheiro do chamado pecúlio pelo trabalho prisional.
Haveria também revolta de detentos com a transferência de 200 deles da Grande Florianópolis para outras regiões do Estado, na semana passada, com a desativação do cadeião do Estreito.
No meio da tarde desta segunda-feira, no complexo da Agronômica, em Florianópolis, onde estão mais de dois mil presos, houve um princípio de tumulto nas galerias. Eles bateram grades e gritaram em coro para chamar a atenção.
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Mesmo em greve, os agentes mantém a segurança das prisões. O temor da secretaria é que haja rebelião ou mortes de presos. O DC apurou que, caso a situação fuja do controle, uma das medidas será entregar a segurança das prisões à Polícia Militar.
Nas delegacias também há problemas. Como os agentes não recebem novos presos nos presídios, os detidos em flagrante estão sendo encaminhados para os distritos policiais, onde ficam irregularmente em condição de superlotação.
Outro raciocínio lógico de policiais é ainda mais preocupante: que os problemas nas cadeias gerem ordens do crime organizado para crimes nas ruas em protesto.
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Setores de inteligência das polícias Civil e Militar responsáveis por investigações complexas sobre facções afirmam que nada foi detectado nesse sentido.
Até a noite desta segunda-feira não havia, por exemplo, sequer alguma informação que ligasse a ação de assaltantes que atearam fogo a um ônibus sábado à noite, no Bairro Capoeiras, em Florianópolis, a uma ordem de dentro da cadeia.
Agentes não recuam
Os agentes ligados ao sindicato dizem que não vão recuar da greve e esperam negociação com o governo. Está marcada uma assembleia geral da categoria às 14 horas de terça-feira em Florianópolis. Em seguida, haverá uma caminhada.
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As principais reivindicações dos agentes são reajustes salariais e ampliação do efetivo. A greve foi declarada ilegal pelo Tribunal de Justiça, que determinou o retorno ao trabalho e multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento da ordem.