A apresentação de uma quadrilha de assaltantes na manhã desta terça-feira em Florianópolis na sede da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) acabou sendo marcada por forte clima de tensão e até uma confusão de bastidores entre os policiais civis e um tenente da Polícia Militar (PM) de São João Batista, a cidade em que criminosos trocaram tiros na madrugada de sábado com a Polícia Civil.

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A entrevista coletiva com a direção da Deic estava marcada para as 10h, mas atrasou por causa de um fato no saguão da unidade testemunhado por jornalistas. Um homem à paisana, de bermuda e camisa, que depois se identificou como sendo o tenente da Polícia Militar de São João Batista, Paulo Renato Farias, discutiu com policiais civis. O tenente queria participar da entrevista no auditório, mas não conseguiu.

Ele então foi levado para uma sala por delegados e até uma algema foi solicitada no plantão. A informação dada por policiais civis é que o PM seria autuado, mas não foi divulgado o motivo específico. Na coletiva, o diretor da Deic, delegado Adriano Bini, que estava visivelmente tenso, disse ao final que esse assunto envolvendo o policial militar seria resolvido internamente no âmbito competente. A Secretaria de Segurança Pública não enviou representante para a coletiva, em que participaram cinco delegados.

Ao final, esteve no local o diretor de Inteligência da SSP, delegado Mauro Rodrigues. A reportagem apurou que o tenente estaria descontente pelo fato de a PM não ter sido avisada previamente da operação em São João Batista e que supostamente os militares teriam corrido risco. Durante a entrevista, o diretor da Deic afirmou que a Polícia Civil agiu com quatro equipes em São João Batista e posicionou uma delas em frente ao quartel da PM justamente para proteger os policiais militares, já que a quadrilha costuma atirar contra as bases militares durante os roubos a banco.

O diretor da Deic declarou que a PM não foi informada da operação para evitar o vazamento de informações na rede de rádios da PM, a qual segundo ele poderia ser interceptada pelos assaltantes, que então ficariam sabendo da investigação da Polícia Civil.

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Assaltantes são do Rio Grande do Sul

Parte do material apreendido na ação do último sábado
Parte do material apreendido na ação do último sábado (Foto: Cristiano Estrela / Agencia RBS)

Três assaltantes morreram na frente do Banco do Brasil em confronto com a Deic. Eles são do Rio Grande do Sul, têm antecedentes criminais e foram identificados como sendo Lúcio Mauro Lau, Anderson da Silva Santos e Marcelo de Oliveira Flores da Silva.

O assaltante baleado no local e que está hospitalizado, segundo a Deic, é Jaider Torão Ferreira Júnior, também do Rio Grande do Sul. Foram presos em São João Batista outras três pessoas que fariam parte da quadrilha. Duas delas tiveram os nomes divulgados: Joelci Padilha Pimentel e Enio Sampate de Oliveira. Também há um terceiro preso que seria um empresário local de São João Batista suspeito de dar guarida ao bando.

— Tratam-se de assaltantes extremamente perigosos, violentos, que fazem reféns e agem com ameaças. Os policiais civis arriscaram a sua vida em defesa da sociedade de São João Batista e da sociedade catarinense. O recado que eu dou é que aqui em Santa Catarina marginais não vão se criar — disse o diretor da Deic.

O delegado da Deic, Anselmo Cruz, responsável pela operação e ferido no tiroteio, ainda está hospitalizado, mas não corre risco de morte. Um agente da Deic que também foi ferido já teve alta. A reportagem do DC tentou contato por telefone celular com o comando da PM na manhã desta terça-feira para falar sobre o episódio na Deic e também sobre a ação em São João Batista. A ligação, no entanto, não completou.

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A Comunicação Social da Polícia Militar informou que irá se manifestar por meio de nota oficial.