– Foi extremamente difícil, estou muito cansado, mas terminou tudo bem. Foi uma experiência para levar para a eternidade.
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A declaração de Henrique Piovezam da Silveira, de 29 anos, tenente do Corpo de Bombeiros de Criciúma, deixa claro a grande dificuldade para resgatar Gilson Rufino do meio do abismo. O turista caiu em uma fenda de 20 metros de altura no sábado.
Piovezam foi quem comandou a operação, que contou com a participação direta de pelo menos 20 pessoas entre bombeiros de Criciúma, Orleans e São Joaquim; policiais rodoviários estaduais, servidores da Celesc e da Cidasc e voluntários como funcionários de restaurantes e hotéis de Bom Jardim da Serra e até jornalistas que cobriam o fato.
Todos fizeram de tudo um pouco. Enquanto uns seguravam lanternas, a maioria puxava a corda que trouxe Rufino à superfície. O terreno totalmente úmido e a lama até o joelho não foram empecilho para a grande mobilização para salvar a vida de um desconhecido.
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O tenente explica que a primeira opção seria descer em três bombeiros, instalar a vítima numa maca e puxá-la para cima. Mas assim que o primeiro militar desceu, constatou-se que seria impossível pôr o plano em prática, e optou-se então pela descida de dois militares para que um deles subisse com rufino atado ao corpo em uma cadeirinha de segurança.
Como no alto da montanha não havia um suporte de ancoragem da corda, como uma árvore, poste ou cerca, a saída foi utilizar dois pequenos tratores para chegar à beira do penhasco e suportar o peso da corda, cuja capacidade é para aproximadamente duas toneladas. Num local mínimo para atender à vítima, os bombeiros deixaram caiu no penhasco o rádiocomunicador, um punhal e um relógio.
Enquanto o tenente Piovezam e o soldado Rafael da Silva Gonçalves, de 30 anos, desceram para atender a vítima, o soldado Alisson Luiz da Silva, 24, coordenava o trabalho lá de cima. O contato entre os militares era feito por celular. Rufino teve a hemorragia controlada, recebeu um colar cervical e uma tipoia no braço esquerdo.
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– A última opção seria passar a noite ali, porque certamente ele não sobreviveria, pois estava muito debilitado, com sede e já entrando em hipotermia – conta o tenente.
Tudo feito, os voluntários começaram a puxar a corda com Piovezam e Rufino. O tenente empurrava o paredão com as pernas para evitar que Gilson Rufino se chocasse contra a rocha. O risco era grande porque a corda roçava nas pedras e podia se romper. Mas cerca de 40 minutos após a descida do primeiro bombeiro, Rufino voltou ao topo da montanha. Sim, definitivamente, era o seu de sorte.
Dele e dos heróis que salvaram a sua vida. Que diga o soldado Rafael, o primeiro a descer rumo à imensa escuridão da montanha.
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– Sou casado e tenho uma filhinha de quatro anos. Quando o resgate terminou e eu fiquei sozinho lá embaixo por uns 10 minutos, ouvi uma música no celular para baixar a adrenalina, pensei na minha família e rezei baixinho. Deus está sempre com a gente, 24 horas por dia.
? Confira as imagens do resgate pelo Corpo de Bombeiros de Orleans e Criciúma