Não há como escapar. Terrenos em áreas centrais cada vez mais escassos e caros, o valor do metro quadrado de imóveis novos e a nova configuração das famílias levam o mercado a construir apartamentos que equivalem ao tamanho de um único cômodo da casa de uma família. As unidades compactas chegaram para ficar. Em Itajaí, o primeiro edifício com apartamentos compactos foi entregue pela construtora Racitec, na semana passada.

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Os lofts têm entre 40m² e 65m² e foram planejados a partir de uma percepção dos sócios Flávio Mussi, Maurício Machado e Altamir Stolfi. A tendência é simplificar. Se nos apartamentos compactos a metragem não permite grandes espaços de estar ou de estoque, os prédios costumam ter áreas comuns generosas e também serviços.

– O edifício conta espaço fitness e salão de festas com espaço gourmet, perfeito para reunir a família ou cozinhar para os amigos – diz um dos sócios da construtora, Altamir Stolfi.

Apartamentos com menos de 40 m² atendem o público single, de terceira idade e casais sem filhos. É com essa ocupação que o centro das grandes cidades vai se renovar, dizem os urbanistas. A tendência aparece em capitais do Brasil e em outros centros urbanos pelo mundo, como Tóquio, Honk Kong, São Francisco e Nova York.

Os prédios novos não vão atrair apenas moradores. A ocupação estimula o comércio, serviços, gastronomia e entretenimento nas regiões centrais. A verticalização urbana melhora também a mobilidade, reduzindo o uso de carro e transporte público para quem mora perto do trabalho e de tudo que é necessário para o dia a dia. ??

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Mudança de rotina

A rotina de quem vive em apartamento de baixa metragem tem que ser, também, compacta e racional, por isso quem vai morar em uma delas deve se preparar para uma mudança de hábitos. Não dá para levar móveis prontos nem coleções de estimação. O mobiliário tem que ser feito sob medida para otimizar cada metro quadrado dos ambientes.

Visitar o decorado de um empreendimento dá uma prévia de como viver dessa forma. Está tudo ali: sofá, TV, cama, guarda-roupa, cozinha, mesa de refeições, cortinas e luminárias mas não há espaço para o supérfluo.

A ideia é viver mais fora de casa, usufruindo serviços, parques e espaços públicos da cidade. Os empreendimentos são pensados para um público que passa pouco tempo dentro do apartamento.

– Para viver em espaço pequeno, a opção é interagir com a cidade. Nesses projetos, a área privativa é o mínimo necessário, mas em contrapartida, o morador vai usar o espaço urbano que está à disposição – comenta o arquiteto Rodrigo Freire.

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Freire diz que os imóveis menores estão em sintonia com os novos tempos.

– É uma nova forma de morar, e também mais sustentável. Você não poderá ter um guarda-roupa abarrotado. Livros e álbuns de fotografia podem ser digitais. O tamanho dos apartamentos segue essa movimentação contemporânea e econômica – explica o arquiteto.