As consultas para os especialistas em ortopedia são as que lideram a lista de espera na saúde pública em Joinville. O número de pacientes aguardando atendimento aumentou de 11,3 mil para 15 mil desde o último levantamento da reportagem, em julho do ano passado. É um crescimento de 32,3% em oito meses.
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A maior demanda é para as consultas de retorno, que acumulam 11,1 mil pacientes na fila. Já aqueles que aguardam pela primeira consulta somam 3,9 mil pessoas. A prefeitura afirma que o tempo de espera desses pacientes está chegando entre oito e nove meses.
Para o secretário de saúde, Jean Rodrigues da Silva, o tempo de espera é o mais importante nesses casos, já que o número de pessoas na lista pode ser relativo, dependendo de quantos atendimentos são realizados por mês.
— Nosso foco não é o tamanho de fila, mas tempo de espera. Nós podemos ter uma fila de 10 mil pessoas, mas que tem 10 mil atendimentos por mês, ou seja, a espera vai ser de um mês. Nosso foco é reduzir o tempo de espera — explica.
Segundo ele, duas estratégias estão sendo realizadas pela secretaria de saúde para combater as filas de espera. A primeira é atender todos os pacientes que estão há muito tempo aguardando por atendimento. Para isso, está sendo feita uma revisão dos nomes que entraram na fila de 2012 a 2016.
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Outro fator que contribuirá para localizar os pacientes que estão perdidos em meio à lista é concluir a integração da a base de dados para um sistema informatizado de gestão. Isso acontecerá em junho deste ano. A partir disso, será possível olhar cada paciente e entender as prioridades de cada um para agilizar as demandas.
Uma segunda frente de trabalho passa por um investimento de R$ 35 milhões neste ano para reduzir o problema com as filas. O principal destaque são os R$ 5 milhões aplicados em mutirões, inicialmente, na área de ortopedia. Até o final do ano, serão realizados novos mutirões em outras especialidades.
Exame agendado na consulta
A partir desta segunda-feira, o agendamento dos exames laboratoriais para usuários das Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades de Serviços Especiais e hospitais da rede de saúde de Joinville, será realizado durante a consulta médica. A mudança faz parte da segunda etapa do módulo de Regulação do Sistema Integrado de Gestão (SIG), em implantação pela Secretaria da Saúde de Joinville (SES) desde 2017.
Segundo a Secretaria, por meio da ferramenta, serão gerenciados cerca de 400 diferentes exames laboratoriais contemplados pela tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) e aproximadamente 20 mil vagas ofertadas mensalmente pelo município, número que deve ser ampliado pela SES.
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Meta é acompanhar os processos
O objetivo do município é investir no que é chamado de linha de cuidado. É a garantia de se dar celeridade ao tratamento dos pacientes, desde o início do atendimento até o final, sem que eles precisem esperar meses em cada uma das etapas.
– Não adianta chegar na primeira consulta de ortopedista e parar na hora da ressonância. Por isso, às vezes, a lista para primeira consulta anda bem e a de retorno trava. A linha do tempo da construção de um atendimento é difícil e tem que ter essa sincronia de ações. Estamos fazendo esse planejamento — relata.
O secretário ressalta a importância dos usuários que tiverem o quadro de saúde agravado enquanto esperam a consulta ou outros procedimentos entrem em contato com a unidade de saúde. De acordo com ele, apenas o médico pode sinalizar uma mudança de prioridade dentro do sistema.
Filas também são rotina aos que buscam por cirurgias e exames
Os pacientes joinvilenses também encaram desafios em outras filas de espera na saúde pública da cidade. Na lista dos exames, o maior problema é com as endoscopias e colonoscopias. Juntas, elas somam 2.080 pessoas aguardando para serem chamadas pela Secretaria de Saúde.
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O secretário Jean Rodrigues da Silva afirma que o tempo de espera médio para os dois exames atualmente gira em torno de seis meses, o que é considerável "nada adequado". Ele esclarece que a tendência é de que os pacientes sem tanta gravidade esperem mais na fila do que os classifiwcados como prioritários.
Uma situação que agrava a espera pelos exames são os que precisam ser realizados dentro do ambiente hospitalar. Em casos de comorbidades ou idosos, é necessário fazer a endoscopia ou colonoscopia nos hospitais Regional ou São José.
– Assim eu fico suscetível a rotina interna desses hospitais. Nosso maior desafio é encontrar prestadores de serviços que possam fazer isso sem eu depender do dia a dia dos hospitais – diz.
Para algumas cirurgias também existe um problema de demora na fila de espera, principalmente nas relacionadas à oftalmologia. Apenas para o procedimento para cataratas a espera é de aproximadamente quatro meses. Segundo o secretário, o número também não é adequado, mas também não há recursos financeiros para melhorar a situação no momento.
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Diante da demanda, será feito um mutirão da ortopedia para tentar agilizar o processo desses pacientes. Segundo o secretário, a meta é ampliar o atendimento para 4 mil consultas por mês e investir em outras áreas, como a oferta de exames de ressonância. O objetivo é baixar o tempo
de espera para pacientes com casos sem gravidade para seis meses. Esse número é avaliado como “considerável” pelo município, diante da capacidade financeira atual.
