Muito além de uma singela homenagem a Zumbi, líder do Quilombo de Palmares e herói da resistência negra, morto em 1695, esta sexta-feira tem o objetivo maior de ampliar os espaços de debates sobre as questões raciais e gerar uma reflexão sobre a introdução dos negros na sociedade brasileira.
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Em Joinville, é cada vez mais presente a ação de coletivos que lutam em defesa da causa. Temas como a representatividade do negro e, sobretudo, da mulher negra na nossa sociedade têm conquistado espaço nas frentes de ação.
A advogada e militante Ana Paula Nunes Chaves conta que um dos exemplos é um coletivo formado por mulheres negras e denominado Ashanti, que tem como objetivo a discussão sobre o empoderamento feminino e a visibilidade da mulher negra na sociedade.
– Queremos apresentar, tanto para a iniciativa pública quanto privada, a necessidade da visibilidade da mulher negra em Joinville, porque nós não conseguimos nos enxergar em diversos segmentos da cidade. É um fato que não precisamos de estudo e nem de gráficos para comprovar, basta ir ao comércio e verificar que as atendentes raramente são negras, por exemplo – diz.
Segundo Ana Paula, é possível observar o montante de mulheres negras atuando em três segmentos de Joinville, sendo o setor doméstico, a educação e a saúde ainda com resquícios antigos.
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– A inserção dos negros na cultura é muito comum, e conta com uma parcela significativa, mas não vivemos somente de cultura. É bom que o tema seja discutido na televisão e nas redes sociais, como o caso da Thaís Araújo recentemente, mas temos uma série de casos diariamente com tanta importância quanto, mas que não vêm à tona. Enquanto continuávamos à margem, não incomodávamos. A partir do momento em que começamos a aparecer, o quadro mudou – avalia.
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Informação para mudar
Para o presidente do Quênia Clube de Joinville, Deivison Garcia, a informação é a ferramenta para conscientização da população sobre as questões enfrentadas. Ele acredita que desse modo será melhorada a questão da representatividade dos negros em outros segmentos.
– A questão do empoderamento e da representatividade é muito forte, trata-se de um processo de aceitação, pois do ponto de vista da construção de caráter, como uma criança vai conseguir se autoafirmar se não se aceita, por exemplo? Só com esse processo a pessoa terá um bom desenvolvimento em todos os âmbitos. Hoje vemos que os objetivos estão sendo alcançados, apesar de ainda haver muitos estereótipos – explica.
De acordo com Ana Paula, as ações dos coletivos são importantes justamente para gerar mudanças, ainda que gradativas, na nossa sociedade.
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Confira a programação
Às 10h30
? No Cemitério dos Imigrantes, uma homenagem aos descendentes afros sepultados no local.
Das 9 às 17 horas
? A praça Nereu Ramos vai contar com a presença dos povos de santo e da comunidade em geral. Haverá distribuição de acarajés, oficinas de turbantes, maquiagem e penteados afro, roda de capoeira, afoxé, jongo e makulele, além de uma apresentação especial de cantoras Márcia Marrom, Leia Afonso e Tayna Cardoso.
A partir das 17h30
? Filhos de santo e convidados se reúnem para o ato simbólico de lavagem do Monumento dos Imigrantes, na praça da Bandeira.
*Rodrigo Guilherme é estudante de jornalismo e faz estágio em “AN”.