Em meio a tantos fenômenos climáticos, o mundo atingiu um número preocupante: pela 1ª vez a média da temperatura global chegou a exatos 2,07°C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900). Os dados são do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S) e foram registrados na última sexta-feira (17). O Acordo de Paris estipulou uma meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C, por isso, essa temperatura é considerada uma anomalia. As informações são do g1.

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O ano de 2023 está sendo fortemente influenciado pelo fenômeno El Niño, que faz com que o calor seja maior no verão e o inverno seja menos rigoroso, com mudança na distribuição das chuvas. Além disso, o mundo está sentindo os efeitos das mudanças climáticas, resultado das atividades humanas, como a utilização de combustíveis fósseis ou as queimadas de áreas florestais. Segundo as medições do Copernicus, 2023 deve terminar como o ano mais quente em 125 mil anos.

Como os fenômenos climáticos El Niño e La Niña influenciam o tempo

O pesquisador Carlos Nobre, referência internacional nos efeitos das mudanças climáticas, explica:

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— Para entender esse recorde, a gente olha para as emissões de carbono. Em 2022 tivemos um recorde de emissões e as estimativas mostram que 2023 vai bater esse recorde. Quando vemos isso, percebemos que a alta era o esperado.

Em 2016, também houve El Niño, e o mundo também bateu recordes de calor, mas a anomalia da temperatura foi de 0,94°C, quase metade do que foi registrado em 2023. A pesquisadora Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) também associa o aumento das temperaturas ao aumento das emissões de carbono, e alerta que as mudanças climáticas estão ocorrendo mais rápido do que o previsto:

— A gente tem que observar essas mudanças e se perguntar se o colapso climático já não começou, se já não temos tempo de esperar 2030. Quantas pessoas mais vão ter que morrer para entendermos que é preciso mudança?

Diferença entre a média de temperatura global e o dia mais quente do ano

Em entrevista ao g1, a divulgadora científica Karina Bruno Lima, doutoranda em Climatologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que a medição da anomalia de 2,07°C registrada no dia 17 de novembro não representa o dia mais quente registrado pelo Copernicus, sendo esse recorde estabelecido em julho deste ano.

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Karina ressaltou a importância de compreender que o destaque recai sobre a maior anomalia em comparação com a média pré-industrial para o período.

— Como é a primeira vez que ficamos 2°C acima, é muito preocupante — afirmou.

*Sob supervisão de Andréa da Luz

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