Poucas vezes a expressão “do céu ao inferno” teve tanto sentido quanto agora para a Seleção Brasileira de handebol feminino. Campeã do Mundial em 2013 diante da Sérvia na casa das adversárias, a equipe liderada pela blumenauense Duda Amorim dentro de quadra passou do momento mais importante da história da modalidade no país para a eliminação quatro anos depois. Na sexta-feira, após uma irregular campanha, o time foi eliminado ao empatar com Montenegro em 23 a 23. O choro das atletas ao fim da partida e o semblante do técnico Jorge Dueñas instantes após o fim dos 60 minutos de jogo mostravam claramente o sentimento que rondava a Arena de Oldemburgo, na Alemanha: decepção. Pelo menos do lado verde e amarelo.

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Com apenas uma vitória nos cinco jogos disputados, o Brasil desperdiçou a chance que a tabela colocou à disposição ao enfrentar os dois adversários teoricamente mais fracos logo no início, o que praticamente garantiria a classificação. Na primeira rodada, empate com o Japão. Na sequência, uma vitória nos últimos segundos diante da limitada Tunísia e, dali em diante, três resultados negativos: derrotas para Rússia, Dinamarca e o empate com Montenegro.

Quanto à eliminação, a armadora Duda Amorim foi objetiva e deixou claro apenas que as atletas estavam digerindo o resultado.

– Acabamos de perder e, por enquanto, estamos apenas tristes – disse a atleta ao fim do jogo ao ser questionada sobre como o grupo estava lidando com a eliminação.

No último duelo, a Seleção Brasileira precisava vencer. O confronto direto contra as montenegrinas era como uma partida de mata-mata antes das oitavas de final. Mesmo com a necessidade da vitória, as brasileiras em nenhum momento conseguiram se impor no jogo e trocaram a liderança do placar diversas vezes durante a partida. O primeiro tempo terminou com vantagem verde e amarela por 13 a 12, porém o mesmo equilíbrio se manteve nos 30 minutos finais, em que Montenegro venceu por 11 a 10. No fim das contas, os desperdícios em tiros de sete metros fizeram a diferença e o empate garantiu as europeias na quarta colocação e, como consequência, nas oitavas de final. Desde 2009 as brasileiras não eram eliminadas na primeira fase do Mundial.

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– Senti que caímos um pouco de nível depois do Mundial de 2013. Ganhamos aquele ano porque todas as atletas, sem exceção, estavam em ótimo nível de handebol e assim conseguimos fazer um jogo mais coletivo. Temos que começar o trabalho do zero. Trabalho difícil para o Jorge (Dueñas), que é fazer uma equipe que possa brigar por uma medalha até Tóquio – avalia a armadora blumenauense.

No domingo, às 10h, o Brasil volta à quadra, mas dessa vez apenas de forma protocolar, para definir a classificação na tabela. Será diante de Camarões, às 10h.