Representante do Conselho Regional de Engenharia, Honorato Tomelin estuda a restauração da ponte há 30 anos e diz que os problemas de hoje são reflexos de mais de três décadas sem conservação.

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Diário Catarinense – O senhor acredita que, pelo novo cronograma, as obras sejam finalizadas até dezembro?

Honorato Tomelin – Está havendo um exagero nesse controle de cronograma para uma obra tão complexa. Conheço o problema e a história do problema. Até 1960 (34 anos depois da inauguração) não foi feito absolutamente nada de manutenção ou conservação. Estamos falando de uma estrutura de aço sobre o mar, um ambiente corrosivo. Isso quer dizer que o trabalho é muito mais complexo do que pode parecer.

DC – Por quê?

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Tomelin – Porque não se pode subir na ponte para arrumá-la, como se pensava. A estrutura não suportaria, haveria risco de desabamento. Então o canteiro de obras teve de ser no mar. E aí você imagina: profundidade de mais de 30 metros, velocidade enorme de água e variação altíssima de maré, sem contar vento e chuva. É muito difícil fazer o trabalho em uma balsa, levantar as peças que pesam toneladas com um guincho. Com a grua, a situação muda.

DC – Qual a sua opinião sobre o novo cronograma que incluí o uso de gruas?

Tomelin – Precisamos observar a operação. A ponte deve absorver 25% do tráfego. A revitalização deve chegar a R$ 250 milhões e uma ponte nova custaria mais de R$ 1 bilhão. As obras já têm todas as licenças. Romper o contrato seria muito ruim. Temos é que pressionar na competência técnica, não em prazos.