Mais músicos do grupo Procure Saber – integrado por Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e Djavan, entre outros – estariam dispostos a flexibilizar sua posição contra biografias não autorizadas. Quem afirma é o advogado de Roberto Carlos, Marco Antonio Bezerra de Campos, o mesmo que articulou, em 2007, o acordo judicial que previa a retirada das livrarias da biografia Roberto Carlos em Detalhes, de Paulo César de Araújo.

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No último domingo, Roberto afirmou ao programa Fantástico, da TV Globo, ser favorável às biografias não autorizadas, porém com “ajustes”. Procurado por ZH para comentar a declaração, Bezerra de Campos também contou que a associação tem se reunido no estúdio de Roberto e na casa da produtora Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano. Também revela que eles criaram um comitê jurídico para acompanhar a questão e se reportar à diretoria do grupo.

ZH – Podemos dizer que os músicos do Procure Saber estão dispostos a ser mais flexíveis e aceitar as biografias não autorizadas?

Marco Antonio Bezerra de Campos – Eles concordam que outra pessoa escreva a biografia. Escrever sobre a vida pública dos artistas não tem problema nenhum, e essa nunca foi a queixa deles. A queixa é escrever sobre a vida privada.

ZH – Mas esse limite é tênue com uma personalidade pública, nem sempre é fácil avaliar.

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Campos – Tem de avaliar caso a caso.

ZH – Falar sobre o acidente que Roberto Carlos sofreu na infância, questão abordada em Roberto Carlos em Detalhes, seria invadir a sua privacidade?

Campos – Na nossa opinião, sim. O grau de detalhamento usado para contar o acidente é que poderia caracterizar a quebra de privacidade.

ZH – Quais seriam os ajustes a se fazer na proposta que permite as biografias não autorizadas?

Campos – A redação que está lá não nos parece adequada. O projeto ainda tem uma redação muito ampla com a qual a gente não concorda. Dá para interpretar que ele não se refira somente às biografias, mas que se possa usar música e imagem em aproveitamentos comerciais com os quais os artistas não concordam.

ZH – Na entrevista para o Fantástico, o Roberto Carlos falou claramente que era a favor da Lei das Biografias. Entretanto, logo depois, disse que a proposta precisava de ajustes e que a pessoa que teria a bênção para escrever sobre a sua vida seria “o próprio Roberto Carlos”. Afinal, qual é a posição dele?

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Campos – Ele é a favor no sentido da não necessidade de autorização. A redação (da proposta) em si a gente acha que deve ser alterada, essa é a posição da associação.

ZH – O Roberto Carlos pretende pedir autorização a todos os músicos que ele citar na sua autobiografia?

Campos – As pessoas que serão protagonistas no livro dele estarão em consenso com ele.

ZH O Paulo César de Araújo disse ao jornal O Globo que “a entrevista ao Fantástico só mostra que ele (Roberto) avançou pouco em relação à questão”. Existiu mesmo uma flexibilização?

Campos – É um tema muito sensível. O Roberto está evoluindo nesse assunto, ontem deu um passo importante, mas a questão de escolher um autor pra escrever a biografia é de muita confiança. Ele está escrevendo a narrativa e quem vai dar a forma final é alguém de muita confiança dele, alguém muito próximo.

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ZH Existe alguma possibilidade do Roberto permitir que Roberto Carlos em Detalhes volte às livrarias?

Campos – Eu acho que não, porque daquele feito participaram o Paulo César, a editora, o editor e o Roberto. Para que seja revisto, teoricamente, essas quatro partes têm que voltar atrás na sua posição.

ZH Daqui para frente, o Roberto Carlos vai tomar a dianteira do Procure Saber nas discussões sobre as biografias?

Campos – Fizemos muitas reuniões, na maior parte na casa da Paula (Lavigne), e já tinhamos feito na casa do Roberto. A decisão da última reunião foi que se formou um comitê jurídico que vai tocar o assunto das biografias e se reportar à diretoria.

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ZH Quem faz parte do comitê?

Eu e os advogados Antonio Carlos de Almeida Castro e Vanisa Santiago.