Todas as garantias de que não haverá fraude estão dadas. Nos últimos dois meses, técnicos vinculados aos dois candidatos presidencias da Venezuela, Hugo Chávez e Henrique Capriles, testaram 13 vezes as urnas eletrônicas e o sistema de contagem de votos. Olharam como será o sorteio dos mesários, o sistema de software da totalização. Mas nem todo esse aparato pericial afasta da oposição o temor de que o chavismo roube o pleito, pelo simples fato de dominar todo o aparato estatal há mais de 13 anos. Já os chavistas receiam manifestações de massa dos opositores, caso percam.

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O Centro Carter, ligado ao ex-presidente democrata norte-americano Jimmy Carter (um defensor dos direitos humanos), mandou uma missão a Caracas para examinar a possibilidade de falcatruas no sistema eleitoral. A organização distribuiu um informe no qual dá garantia total contra manipulação dos resultados e a possibilidade de resolver conflitos dentro da lei.

Esta, aliás, é a outra grande preocupação de quem acompanha o processo eleitoral venezuelano. Ninguém sabe o que acontecerá, até porque o país tem uma tradição de inconformidade com resultados eleitorais. O próprio Chávez, quando militar da ativa, tentou derrubar um presidente eleito e depois provou da própria receita, ao ser retirado do poder por três dias, voltando depois por meio de uma mobilização popular.

Na dúvida, venezuelanos têm ido ao supermercado, se abastecer. De forma calma e ordenada (ao contrário do que muita gente na imprensa tem afirmado), mas ainda assim fazem compras. Alguns, por temerem de fato uma convulsão social pós-eleitoral. Outros, apenas para garantir a compessra de bebida alcoólica: a Lei Seca decretada no período eleitoral é levada a sério na Venezuela. Policiais passam nos bares e restaurantes, fiscalizando. Nem nos hotéis é permitido servir bebida alcoólica nesse período.

A violência comum, não ligada à eleição, é um dos assuntos decisivos a pautar o pleito. A Venezuela é hoje o terceiro país mais violento da América, com índice de homicídios três vezes maior que o do Brasil. E assaltos por toda a parte. Que o diga o microempresário Manoel dos Santos Hernández, 69 anos, que aluga carros. Ele já foi assaltado três vezes nos últimos cinco anos. Uma delas, na porta de um hotel na Avenida Tamanaco, uma das mais sofisticadas de Caracas, lugar rodeado de policiais.

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– Dois malandros de pistola me renderam, puxaram para fora da caminhonete Nissan e a levaram. Nunca mais vi o veículo. Tive sorte de não morrer. Por isso, voto em Capriles, de olhos fechados. Chávez não resolveu a violência – reclama.

Cerca de 18 milhões de venezuelanos estão aptos a votar. O vencedor do pleito deste domingo será aclamado presidente, porque não haverá segundo turno.