As advertências aumentam ante a perspectiva de um “massacre” em Idlib, caso o regime sírio inicie uma ofensiva contra o reduto rebelde, dois dias antes de uma reunião decisiva em Teerã.
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Quase todos os dias, o governo de Bashar al-Assad e sua aliada Rússia fazem declarações sobre Idlib, província do noroeste da Síria controlada pelos extremista do grupo Hayat Tahrir al-Sham, ex-braço sírio da Al-Qaeda.
O governo dos Estados Unidos pediu uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que deve acontecer na sexta-feira, e o enviado especial da ONU para a Síria fez um apelo para evitar um banho de sangue em Idlib.
A ONU teme que uma ofensiva para reconquistar Idlib provoque uma nova catástrofe humanitária de grandes proporções em um país devastado por uma guerra, que desde 2011 deixou mais de 350.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados.
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“Que Deus nos livre! Uma chuva de mísseis poderia provocar um massacre”, advertiu o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
A Turquia, que apoia os rebeldes e dispõe de tropas em Idlib, teme que uma ofensiva provoque um grande fluxo de refugiados na fronteira.
“Com a ajuda de Deus vamos impedir uma ação extrema do regime em Idlib, obtendo resultados positivos na reunião de Teerã”, disse Erdogan, em referência ao encontro, que deve ser decisivo, de sexta-feira com os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e Irã, Mohamed Rohani.
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Na terça-feira, 13 civis, incluindo seis crianças, morreram em bombardeios russos contra posições rebeldes na província, informou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
A aviação russa interrompeu os ataques nesta quarta-feira, mas a artilharia síria bombardeou várias localidades, em particular Jisr al-Shughur, oeste de Idlib, segundo o OSDH.
Conquistada em 2015 pelos insurgentes, Idlib é o último grande reduto rebelde na Síria.
A província recebeu dezenas de milhares de rebeldes e civis que deixaram os redutos insurgentes conquistados pelo exército sírio no restante do país, como os de Aleppo ou Guta Oriental.
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Atualmente, a região de Idlib tem quase três milhões de moradores, metade deles deslocados pela guerra. Em 2010, a a província tinha 1,3 milhão de habitantes.
Há várias semanas o governo concentra suas tropas nos arredores de Idlib.
As potências ocidentais favoráveis aos rebeldes alertaram para um possível uso de armas químicas pelo governo sírio.
Em abril acusaram o regime sírio de ter utilizado estas armas ilegais em Idlib, uma ação que matou 40 civis, de acordo com os capacetes brancos, os socorristas das zonas rebeldes.
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“Se o presidente Bashar al-Assad decidir utilizar novamente armas químicas, Estados Unidos e seus aliados responderão rapidamente e de forma apropriada”, afirmou a Casa Branca em um comunicado.
Em abril, os ocidentais organizaram ataques de represália contra o exército sírio.
O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura afirmou que a ofensiva em Idlib pode começar em 10 de setembro.
O destino de Idlib pode ser definido na sexta-feira em Teerã, na reunião entre Rússia, Irã e Turquia sobre o conflito sírio.
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Uma vitória em Idlib teria grande valor simbólico para Bashar al-Assad, que está determinado a retomar o controle de todo o país.
* AFP