O presidente em exercício Michel Temer (PMDB) lavou a alma de milhões de brasileiros com o conteúdo sereno e elevado do primeiro pronunciamento à nação, logo após dar posse ao novo ministério. Sem qualquer sombra de rancor, estendeu a mão para o diálogo e entendimento, tratou Dilma Rousseff com respeito institucional, destacou que a prioridade será o combate ao desemprego a partir da retomada da economia e fixou algumas metas que podem tirar o Brasil da crise.

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O compromisso de fortalecimento de Estados e municípios, contido na proposta de um novo pacto federativo, soou como mel na boca de toda a cidadania cansada deste tortuoso e corrupto poder centralizador em Brasília, terreno fértil para convênios corruptos e a roubalheira que se espalhou pela estrutura da República.

Desconcentre-se a arrecadação e o país terá dias melhores. Obras municipais e estaduais são muito mais baratas e saem mais rapidamente do que este centralismo improdutivo. Michel Temer garantiu que não mudará os programas sociais implantados nos governos petistas, fixou os encargos do governo apenas em saúde, educação e segurança e parcerias com a iniciativa privada em todos os demais setores. Mostrou identidade com o sentimento nacional ao falar da gravidade da crise e do caráter inadiável das reformas previdenciária, trabalhista e do governo brasileiro.

A posse revelou uma fotografia do ministério com vários camaleões, ministros e deputados de Dilma ontem e que integram a nova equipe hoje, incluindo investigados pela Lava-Jato. É um fato negativo que pode ser explicado pela experiência parlamentar de Temer e o desejo de ter maioria congressual para aprovar medidas duras e impopulares. A composição do ministério revela, na prática, que o novo governo é majoritariamente parlamentarista.

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