Já sondando nomes para um eventual novo governo, o vice-presidente Michel Temer admitiu ao jornal O Globo ter ficado “muito bem impressionado” com a conversa que teve com o Henrique Meirelles, presidente do Banco Central no governo Lula e sondado por ele para ser ministro da Fazenda.

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Temer, entretanto, ainda não realizou nenhum convite formal para os cargos, já que aguarda a decisão do Senado Federal sobre o afastamento da presidente Dilma Rousseff:

— Eu me encontro numa situação muito difícil. Não posso, em respeito ao Senado, tratar da formação de um eventual governo, mas tenho que estar preparado para, conforme o rito, assumir o governo no dia seguinte, caso a decisão seja pelo afastamento temporário da senhora presidente da República — disse o vice-presidente ao jornal.

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Sobre o suposto convite que teria feito ao senador José Serra (PSDB-SP), o vice usou também a expressão “sondagem” para confirmar que teve algumas conversas com o senador tucano, mas que tudo está nas mãos do PSDB. Temer deu a entender, entretanto, que Serra não ocuparia nenhum ministério da área econômica, mas da área social:

— O senador José Serra é um homem que cabe em qualquer cargo de governo. Evidentemente que eu, no caso de ter de assumir a Presidência da República, gostaria de ter o concurso do senador José Serra. Mas tudo vai depender da decisão do PSDB. A coisa que menos quero é ter qualquer tipo de desentendimento com o PSDB, partido que considero fundamental, diante da perspectiva de eu ter de assumir o governo.

Economia

Já na área econômica, Temer disse ao jornal que escolheria o ministro do Planejamento, mas delegaria “ao Meirelles” o direito de indicar o presidente do Banco Central e outros integrantes da equipe. Flagrado na gafe, tentou corrigir:

– Falei Meirelles porque, hoje, estou com esse nome na cabeça. Repito: fiquei muito bem impressionado com a conversa que tive com ele. Então, confesso que, se eu tivesse que assumir hoje, o ministro da Fazenda seria ele. Mas, nenhum de nós sabe o que vai acontecer amanhã.

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Quanto a Armínio Fraga, Temer negou que o tivesse sondado para o ministério da Fazenda, afirmando que a notícia de que ele teria recusado um convite “não procede”.

Ministério da Justiça

Em relação ao Ministério da Justiça, Temer disse ter uma forte tendência a indicar o advogado Mariz de Oliveira, homem de sua estreita confiança:

— Esse ministério, como todos os outros, precisa de alguém que tenha pulso forte, mas ele especificamente. E precisa ser alguém da confiança absoluta do presidente da República.

Temer conversou com o jornal O Globo numa das salas reservadas do Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-Presidência, enquanto na varanda o esperavam para jantar Geddel Vieira Lima, ministro no governo Lula, e mais três ex-ministros de Dilma: Moreira Franco, Eliseu Padilha e Henrique Alves, todos do PMDB e cotados a integrar seu eventual Ministério.

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O vice-presidente não quis adiantar os possíveis cargos de seus comensais, mas acabou admitindo que Eliseu Padilha poderia ocupar a Casa Civil e exemplificou:

— O Padilha trabalha muito e é bem organizado. O governo precisa de um perfil desses para a Casa Civil. Os ministros José Dirceu e Palocci, para citar apenas dois exemplos, não deram certo porque tentaram politizar o cargo. O estilo do Padilha é parecido ao de Pedro Parente, no governo Fernando Henrique.