A decisão do Vaticano de estender o juramento de sigilo dos cardeais às reuniões preparatórias do conclave fez os cinco cardeais brasileiros que participarão da escolha do próximo papa recusarem pedidos de entrevista e evitarem a imprensa.

Continua depois da publicidade

Normalmente, o voto de silêncio abrange apenas os trabalhos do conclave, realizados a portas fechadas na Capela Sistina. As atividades preliminares, chamadas de congregações gerais, são abertas à imprensa. Desta vez, porém, a renúncia de Bento XVI e os escândalos de pedofilia e corrupção que abalam a Igreja fizeram com que o cuidado com vazamento de informações seja redobrado.

Três dos cinco cardeais brasileiros estão hospedados no Colégio Pio-Brasileiro, fora dos muros do Vaticano. No curto trajeto entre a escola e o Pavilhão de Audiências Paulo VI, onde são realizadas as reuniões prévias, os religiosos são conduzidos em uma van preta.

A bordo do veículo, eles cruzam os portões da Praça de São Pedro, evitando a abordagem dos jornalistas concentrados no lado de fora. No resto do dia, permanecem recolhidos em seus quartos.

Na quarta-feira, a ausência de brasileiros numa lista negra de 12 possíveis candidatos a Papa divulgada por uma associação americana de vítimas de abusos sexuais por padres pedófilos reforçou a impressão de que um dos cinco pode ter chances no conclave.

Continua depois da publicidade

A organização Rede de Sobreviventes de Abusados por Padres (Snap, sigla em inglês) citou uma dúzia de cardeais como suspeitos de proteger padres pedófilos ou autores de declarações em defesa dos acusados ou negando a gravidade da situação.

A lista negra inclui Leonardo Sandri (Argentina), George Pell (Austrália), Marc Ouellet (Canadá), Timothy Dolan, Sean O?Malley Donald Wuerl (todos dos Estados Unidos), Peter Turkson (Gana), Oscar Rodríguez Maradiaga (Honduras), Tarsicio Bertone e Angelo Scola (Itália), Norberto Rivera Carrear (México) e Dominik Duka (República Checa).

– Queremos dizer aos prelados católicos que deixem de fingir que o pior já passou. Tragicamente, o pior com certeza ainda está por vir – disse David Clohessy, diretor da Snap.