Vítima de uma pobreza extrema, a dona de casa Lídia Almeida de Oliveira ganhou o primeiro brinquedo aos 40 anos de idade. Foi uma boneca que ela recebeu do marido, Hermes Velasques.
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Na mesma época, ela começou a recolher brinquedos nas lixeiras das comunidades Chico Mendes e Novo Horizonte, no Bairro Monte Cristo, na Capital. Agora, aos 56 anos, ela tem uma espécie de museu no bairro, com centenas de exemplares.
Lídia nasceu e foi criada em Caçador, onde teve cinco filhas. Morando no interior do município, ela revela que nunca ganhou um presente. Até as roupas eram feitas de sacolas.
– Nós vivíamos numa miséria sem igual. Nem para as minhas filhas eu tive condições de comprar uma boneca – contou.
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Só R$ 5 e uma sacola
Há 16 anos, a dona de casa trocou Caçador por Florianópolis. Ela chegou na Capital com as roupas do corpo, uma sacola na mão e R$ 5 no bolso.
Nos primeiros minutos na Chico Mendes, Lídia encontrou uma boneca. Ajuntou-a, deu-lhe um banho, fez roupinhas novas e chamou-lhe Lindaura. Desde então, Lídia recolhe todo o tipo de brinquedo.
– Não importa se está sujo ou faltando uma peça. Com o tempo, eu junto as partes até reconstruir – conta.
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Lídia teve de doar alguns
No início, Lídia guardava os brinquedos num quarto da residência. Só que a dona de casa teve que abrigar uma das filhas e foi obrigada a dar uma parte dos brinquedos.
– Jurei que não iria chorar, porque eles fazem parte de uma infância que não tive – lembrou, com lágrimas nos olhos.
Quando a comunidade tomou ciência do trabalho realizado por Lídia, ela ganhou uma sala em um prédio público vazio, anexo à creche.
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Hoje, ela guarda bonecas, carrinhos, jogos, ursinhos e muito mais num pequeno espaço.
– Ainda estou aguardando por um galpão, onde poderemos expor os brinquedos da maneira adequada – diz.
Ciúmes da coleção
Avó de 14 netos e de um bisneto, Lídia não esconde o ciúme que tem dos brinquedos. Não há filha, neto ou bisneto que faça a dona de casa dar ou emprestar os brinquedos. A neta Melani Aparecida, de oito anos, já pediu uma casinha de boneca da coleção, mas recebeu um não.
– Daqui de dentro eu não dou nada. Mas os meus netos pediram bolinhas de gude e acabei liberando seis para cada um – afirmou a dona de casa.
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Quando não está em casa preparando a comida para a família, Lídia está junto com os brinquedos. Normalmente, ela passa as tardes “brincando de boneca”.
– Eu gosto de conversar com as minhas bonecas. É uma distração para fugir dos problemas do dia-a-dia – revelou.