Com renda menor, maior taxa de subutilização no mercado de trabalho e dificuldade em conseguir crédito, empreender diante de toda essa dificuldade foi a barreira que Luis Antônio Rodrigues, o BL, junto da família e do sócio Valter Costa, resolveram ultrapassar para botar na mesa da galera dos morros do Maciço do Morro da Cruz, na Capital, e no asfalto, a Pizza da Quebrada.

Continua depois da publicidade

Desempregado, BL viu a oportunidade de empreender como possível saída para resolver o problema de emprego e dinheiro em casa. Em dois anos a marca já deixou o morro, têm clientes no asfalto, nos prédios nobres e resiste mesmo com a crise por conta da pandemia do novo coronavírus.

No entanto, as dificuldades, já que a empresa é de negros e do morro, seguem como um degrau que precisa ser ultrapassado diariamente e em diversas áreas.

– Apesar de sermos uma empresa completamente regulamentada, sentimos as desconfianças dioturnamente. Uma grande empresa de refrigerante não faz entrega em nossa pizzaria alegando área de risco, e a concorrente dessa empresa, por sua vez, entrega e nos trata com a maior cordialidade possível. Optamos por uma conta corrente em uma cooperativa de crédito, ao invés de bancos privados tradicionais, mas mesmo assim tivemos muitas dificuldade no acesso ao crédito. Ser um empreendimento com cunho social, que é a bandeira da nossa pizzaria, tem um custo tremendo em nossas vidas – conta ele.

pizza-quebrada-2
Luis Antônio Rodrigues, o BL (D), junto da família e do sócio Valter Costa (Foto: Diorgenes Pandini)

BL diz que mesmo com as dificuldades, os empreendedores não desistem:

Continua depois da publicidade

– Praticamos um preço justo e com produtos de qualidade para o nosso povo da quebrada e também do asfalto. Empreender em tempos normais já é difícil, mas em tempos de pandemia tivemos que nos reinventar. Mas contamos com o apoio das comunidades, que não pararam de consumir nossos produtos – explica o empreendedor.

Iniciativas como a Pizza da Quebrada, segunda a advogada Flavia Lima, surgem como forma de resistência e sobrevivência pela dificuldade de ingressar no mercado formal de trabalho:

– Nessa situação, muitos negros no Estado partiram para atividades empreendedoras autônomas. Existe uma gama grande de iniciativas para essa possibilidade de aquisição de renda, já que a disputa no mercado de trabalho é muito grande. O empreendedorismo foi a forma de a população negra conseguir o sustento e superar a barreira do racismo – pontua.